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Museu do Ipiranga e as fontes do Jardim Francês - Foto: Marcos Santos/USP Imagens
“Devolvemos à sociedade um espaço que faz parte da vida de milhões de pessoas”
Em cerimônia de reabertura do Museu do Ipiranga, que contou com a presença de centenas de convidados, a diretora Rosaria Ono destacou ligação afetiva da população com a instituição
O prédio do Museu do Ipiranga e as fontes do Jardim Francês receberam iluminação especial. Era uma noite fria e chuvosa, mas, para as centenas de convidados presentes, entre dirigentes, docentes e servidores da Universidade, autoridades governamentais e diplomáticas, representantes das empresas patrocinadoras e empresários, o tempo não atrapalhou a festa da comemoração de reabertura do Museu.
O evento, realizado no dia 6 de setembro, na esplanada em frente ao edifício-monumento, marca a reinauguração do prédio, após nove anos de fechamento ao público, e as comemorações do bicentenário da independência do Brasil.
Orquestra Sinfônica da USP (Osusp), sob a regência do maestro Gil Jardim, e a cantora Virgínia Rosa - Foto: Marcos Santos/USP Imagens
A cerimônia teve início com a apresentação da Orquestra Sinfônica da USP (Osusp), sob a regência do maestro Gil Jardim, que executou o Hino Nacional. Em seguida, a diretora do Museu, Rosaria Ono, abriu a solenidade.
“Reinaugurar o Museu do Ipiranga é muito mais do que entregar um prédio, é devolver à sociedade paulista e brasileira um espaço que faz parte da vida de milhões de pessoas. Por isso, estar à frente deste projeto não era apenas lidar com o cronograma e as demandas de uma obra, era também lidar cotidianamente com sentimentos, sem perder de vista a devoção e a estima das pessoas por este Museu”, explicou a diretora.
Bastante emocionada, Rosaria dedicou a celebração a todos os que trabalharam no projeto, especialmente às mulheres que coordenaram e lideraram grande parte das equipes. “Sou a única mulher a estar neste palco, ao lado de ilustres autoridades, mas represento muitas que vieram antes de mim e muitas que estiveram ao meu lado durante essa extraordinária jornada. A todas vocês, muito obrigada”, disse.
Rosaria Ono - Foto: Marcos Santos / USP Imagens
A USP é responsável pela administração do Museu do Ipiranga desde 1963 e foi por decisão da Universidade que o Museu foi fechado em 2013, quando foram identificados problemas estruturais no edifício-monumento.
Para o reitor da USP, Carlos Gilberto Carlotti Junior, “este museu é uma casa em que guardamos, com esmero, documentos e objetos de enorme valor histórico, pelos quais temos o maior apreço. Ao mesmo tempo, é um templo de estudo, do pensamento e da ciência. Para nós, da USP, não é com a devoção diante de vultos do passado que nos relacionamos com a nossa história. Mas, sim, é com a investigação historiográfica criteriosa que entendemos nosso percurso como nação”.
“No bicentenário da Independência do Brasil, reinauguramos o Museu do Ipiranga para ajudar cada brasileiro e cada brasileira que nos visitam a se tornarem, cada vez mais, cidadãos e cidadãs independentes, que pensem por si mesmos, que decidam com autonomia sobre seus destinos pessoais e coletivos. Um país independente, na nossa maneira de ver, é um país de mulheres e homens independentes. A universidade é um lugar de ciência, mas também é lugar de filosofia, onde floresce o pensamento crítico, assim como é lugar das artes, em que os sentidos estéticos do mundo se expandem a cada dia”, ressaltou Carlotti.
Carlos Gilberto Carlotti Junior -
Foto: Marcos Santos / USP Imagens
Uma obra para os brasileiros
A obra de restauro e ampliação do Museu teve custo de R$ 252 milhões, captados via Lei Rouanet, por doações de empresas que patrocinaram o projeto e apoio direto do Governo do Estado de São Paulo e da USP.
“O Novo Museu do Ipiranga é uma realização de São Paulo para o Brasil e para o mundo. É o grande legado da celebração do Bicentenário da Independência e só aconteceu por causa do congraçamento do Governo do Estado de São Paulo, da USP, da Fusp [Fundação de Apoio à Universidade de São Paulo] e de 34 empresas e instituições públicas e privadas que contribuíram por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, a Lei Rouanet, um instrumento fundamental de financiamento da nossa cultura e do nosso patrimônio e que deve ser mantida e reforçada”, lembrou o secretário Estadual de Cultura e Economia Criativa, Sérgio Sá Leitão.
Em seu discurso, Leitão ressaltou o empenho do ex-governador de São Paulo, João Doria, no projeto de captação de recursos para o projeto. O ex-chefe do executivo paulista foi chamado ao palco, onde recebeu uma placa das mãos do secretário de Meio Ambiente e Infraestrutura, Marcos Penido, que representou o Governo do Estado na cerimônia.
O edifício-monumento ficou em obras por quase três anos - Fotos: Marcos Santos/USP Imagens
O ministro do Turismo, Carlos Brito, que recebeu vaias em alguns momentos de seu discurso, destacou que “estamos comemorando a entrega deste empreendimento que não é do governo federal, do governo estadual ou do governo municipal, ele é do povo brasileiro”.
No encerramento da cerimônia, a Osusp apresentou as obras Suíte Milagre dos Peixes, de Milton Nascimento, e Dois movimentos da Bachianas nº 7, de Heitor Villa-Lobos: Ponteio e Conversa. Com interpretação da cantora Virgínia Rosa, a orquestra executou as músicas Vera Cruz, de Milton Nascimento; Marginália II, de Gilberto Gil; Rio Amazonas, de Dori Caymmi; e Jack Soul Brasileiro, de Lenine.
Também participaram do evento de reabertura do Museu a vice-reitora da USP, Maria Arminda do Nascimento Arruda; o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes; o secretário especial de Cultura do Ministério do Turismo, Hélio Ferraz; e os representantes da Família Real Brasileira, dom João de Orleans e Bragança e dom Alberto de Orleans e Bragança.
Hoje, dia 7 de setembro, o Museu recebe a visita de 200 estudantes da rede pública de ensino e de trabalhadores que participaram das obras, juntamente com suas famílias. O público em geral poderá visitar o museu a partir do dia 8 de setembro, mediante agendamento. Todas as segundas-feiras, às 10h, um novo lote de ingressos será liberado no site do Museu para a semana toda de visitação.
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