Debates na USP reúnem pesquisadores para discutir o futuro da ciência no Brasil

Encontro comemorativo dos 90 anos da USP encerrou ciclo de quatro eventos que avaliaram cenários e apontaram propostas para o desenvolvimento da pesquisa e da inovação

 Publicado: 04/07/2024     Atualizado: 16/07/2024 as 16:59
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O reitor Carlos Gilberto Carlotti Junior e a vice-reitora Maria Arminda do Nascimento Arruda participaram da abertura do seminário Caminhos para o Futuro da Ciência e destacaram o papel da Universidade nas transformações sociais – Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Ocorreu no dia 3 de julho, no Auditório Safra da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária (FEA) da USP, o quarto e último evento do ciclo acadêmico Futuro da Ciência no Brasil

A série foi promovida pela Reitoria como parte das comemorações pelos 90 anos da USP, com o objetivo de discutir cenários, propostas e avaliações a respeito da pesquisa e da inovação no futuro do Brasil. Ao longo dos seminários, o público pôde conhecer melhor a ciência produzida pela Universidade e entender melhor como ela beneficia a sociedade.

Com o tema Caminhos para o Futuro da Ciência, a programação deste último evento foi coordenada pelo pró-reitor de Pesquisa e Inovação da USP e professor do Instituto de Física (IF), Paulo Nussenzveig, e foi dividida em três mesas, que abordaram as diferentes perspectivas sobre o assunto. Na abertura do evento, Nussenzveig explicou que os princípios do encontro estavam ligados às capacidades e competências que a Universidade possui: “Temos um número expressivo de pesquisadores entre os mais influentes do mundo, o que mostra nossa relevância mundial. Mas, ao comemorar nossos 90 anos, queremos ir além de simplesmente celebrar; então, assumimos nossa responsabilidade de promover as mudanças necessárias para os próximos 90 anos e encaramos o desafio de usar os feitos do passado como degraus para alavancar o futuro. Por isso, buscamos reunir aqui personalidades científicas influentes que nos ajudem a refletir sobre esse futuro e a pensar sobre os caminhos para aumentar ainda mais a nossa relevância e a nossa aproximação com a sociedade, fazendo com que os avanços científicos se traduzam em impacto com uma inovação que não deve ser apenas tecnológica ou de resultados econômicos”. 

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A busca pelo protagonismo foi destacada pelo reitor Carlos Gilberto Carlotti Junior: “A sociedade espera da USP um papel ativo de colaboração com o sistema de ciência, tecnologia, inovação e ensino superior do Brasil. Por isso, é necessário que a gente discuta e proponha transformações que promovam a melhoria da produção científica”. Em relação ao ambiente de pesquisa e inovação da Universidade, Carlotti deu alguns exemplos de mudanças que estão sendo implementadas: “Uma das maiores preocupações desta gestão tem sido com o tempo de formação na pós-graduação. Nossos estudantes estão se titulando com a idade média de 38 anos e ingressando na carreira docente, em média, aos 43, o que representa um tempo de cerca de dez anos superior à média europeia, norte-americana ou asiática. Esses pesquisadores estão perdendo anos produtivos preciosos. Precisamos tornar nossa pós-graduação mais intensa e atrativa. Ao mesmo tempo, estamos investindo fortemente em condições de pesquisa com a formação de coordenadores de projetos, construção de novos espaços e grandes infraestruturas, como um suporte computacional de alto desempenho para inteligência artificial que atenderá a projetos de todas as áreas”.

Para a vice-reitora Maria Arminda do Nascimento Arruda, trata-se de uma discussão cada vez mais necessária: “A formação das mesas proposta nesse evento favorece a reflexão sobre o lugar da ciência no Brasil e no mundo, para que possamos entender melhor qual o sentido social da Universidade e da ciência que produzimos aqui. Uma ciência para quem e para quê? Sabemos que uma parte relevante do conhecimento é cristalizada no âmbito das universidades ou por seus egressos, mas o que deve ser feito com tudo isso? Devemos buscar os caminhos fundamentais para pensar o lugar da ciência, como financiá-la e qual seu impacto social e seus efeitos para o bem e para o mal”. 

O coordenador do evento e pró-reitor de Pesquisa e Inovação, Paulo Nussenzveig, propõe ir além da celebração pela relevância que a USP ganhou em seus 90 anos: para ele, é preciso promover uma reflexão com propostas para o futuro – Foto: Marcos Santos/USP Imagens

A primeira mesa, sobre a Posição Atual da Ciência Brasileira e Reflexões sobre o Futuro, reuniu o secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação de São Paulo, Vahan Agopyan; o vice-presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Glaucius Oliva; o presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Renato Janine, e os professores Jean Paul Metzger (Instituto de Biociências), Alicia Kowaltowski (Instituto de Química) e Adriano Andricopulo (Instituto de Física de São Carlos). A professora Ana Paula Tavares Magalhães, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, ficou responsável pela relatoria.

Intitulada Como Alavancar as Ações das Agências de Fomento?, a segunda mesa foi formada pelo diretor de Desenvolvimento Científico e Tecnológico da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Carlos Alberto Aragão; o diretor científico do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Olival Freire Junior; o diretor para a América do Sul do Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS, na sigla em francês), Liviu Nicu, e os professores Leticia Lotufo (Instituto de Ciências Biomédicas), Ximena Villagran (Museu de Arqueologia e Etnologia), Orestes Forlenza (Faculdade de Medicina) e Marcelo Amato (Hospital das Clínicas), com relatoria de Carlos Navas (Instituto de Biociências). 

Por fim, a última mesa teve o tema Como Aproximar os Avanços Científicos de Ações para Promover Impacto na Sociedade?, com o assessor da Diretoria Regional do Senai São Paulo, Osvaldo Lahoz Maia; o presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), Francisco Saboya; o diretor de Pesquisa de Novos Negócios do Grupo Jacto, Tsen Chung Kang; o atual titular da Cátedra Erney Plessmann de Camargo da Pró-Reitoria de Pesquisa e Inovação da USP, Luis Moreno Ocampo; a presidente do Todos pela Educação, Priscila Cruz, e o professor titular do Instituto de Física da USP, Nestor Caticha; além dos professores Sergio Adorno (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas); André Ponce de Leon (Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação) e a atual titular da Cátedra Alfredo Bosi de Educação Básica do Instituto de Estudos Avançados (IEA), Bernadete Gatti. A relatoria foi de Norberto Peporine, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto.

O resultado das discussões, organizado pelos relatores e pela coordenação do evento, será disponibilizado em breve em uma publicação.

O público pôde acompanhar mesas de debates com a participação de pesquisadores influentes e representantes de instituições científicas. Evento ocorreu no Auditório Safra da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária – Foto: Marcos Santos/USP Imagens

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