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Revista Capa Preta será espaço para artigos sobre a música e a arte negra
Publicação do Programa de Pós-Graduação em Música (PPGMUS) do Departamento de Música (CMU) da Escola de Comunicações e Artes (ECA) abre chamada para artigos em sua primeira edição
Publicação será dedicada a refletir sobre a contribuição e presença da cultura negra nas artes brasileiras, especialmente na música - Foto: Freepik
A Revista Capa Preta, voltada para a pesquisa de música, arte negra e suas transdisciplinaridades, está com chamada aberta para a submissão de artigos que irão compor a primeira edição da publicação, que deverá ser lançada até o final deste ano de 2024. O objetivo da revista é divulgar textos sobre a práxis artística preta no Brasil e para além de suas fronteiras. Os artigos devem ter no mínimo 10 mil e no máximo 50 mil palavras e deverão ser enviados até o dia 13 de maio próximo. A chamada é aberta a pesquisadores da USP e de outras universidades brasileiras especialistas na música e na cultura afro-brasileira.
De acordo com Ana Carolina Félix, estudante de pós-graduação no CMU da ECA e integrante do corpo editorial da revista, “é notória a ausência de disciplinas dedicadas ao estudo das culturas afro-brasileiras”. Por esse motivo, segundo ela, é que foi proposta a criação da publicação. “A Revista Capa Preta será dedicada a refletir sobre a contribuição e presença da cultura negra nas artes brasileiras, especialmente na música”, reflete a estudante.
Ana reforça ainda que, “a proposta de criação de um periódico acadêmico voltado ao debate e pesquisa sobre a cultura artístico-musical de origem afro-brasileira parece uma oportunidade de criar e consolidar um núcleo de pesquisa dedicado a essas questões e à reflexão sobre a missão dos cursos de arte em nossa sociedade”.
Movimentos integrados
A Revista Capa Preta é resultado, como conta Ana, de vários movimentos integrados dentro do Departamento de Música da ECA. “É sabido que já houve questionamentos e posturas racistas em relação à produção de intelectualidade negra ‘relevante’ no cenário acadêmico e, indiretamente, reforçados por cânones e artigos ‘científicos’ em sala de aula e na grade curricular do curso de graduação e pós-graduação em Música”, destaca Ana.
De acordo com ela, os mais recentes alunos negros do curso de graduação e da pós, mobilizados por esta realidade, organizaram-se em assembleia e sugeriram a criação da comissão antirracista do CMU.
“Foram então iniciadas ações em assembleia para a contratação de novos professores e inclusão do currículo de história da música negra, seguindo os protocolos da lei 10.639, que na época completava 20 anos”, conta a estudante.
Ela lembra, no entanto, que durante os processos seletivos para contratação de professores observou-se que pouco do que fora acordado foi devidamente cumprido. “Por isso, em nossos encontros semanais surgiu a ideia de que nós pudéssemos criar uma revista em que publicássemos os pensamentos de intelectuais negros acerca da arte negra produzida na atualidade e também dentro da história da cultura negra, como caminho possível para que outras narrativas ocupassem registro acadêmico, por sua vez histórico, dentro das bibliotecas das universidades brasileiras”, justifica a pesquisadora.
De acordo com o planejamento da publicação, a Revista Capa Preta deverá ter duas edições por ano e terá como editor responsável o professor Paulo de Tarso Camargo Cambraia Salles, do CMU da ECA e único professor negro do departamento. “Formamos um conselho editorial de intelectuais negros da arte negra no Brasil e fora dele. Por fim, montamos nossa comissão editorial formada por alunos da pós-graduação e graduação de modo a fazer a revista de fato acontecer”, comemora Ana Carolina.
Os interessados devem enviar seus artigos para o email revistacapapreta@gmail.com.
Mais informações: com Ana Carolina Pires Félix da Silva, pelo email anadan@usp.br; Instagram @revistacapapreta
Corpo editorial da revista:
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