As cartas de Mário e Oswald, modernistas antes do rompimento

Edusp lança volume com as cartas dos dois maiores nomes do Modernismo brasileiro, antessala da amizade que virou rancor

 08/03/2024 - Publicado há 10 meses     Atualizado: 12/03/2024 às 14:42

Texto: Marcello Rollemberg

Mário de Andrade (à esquerda), Oswald de Andrade (à direita) e a capa do livro lançado pela Editora da USP (Edusp) - Fotos: Reprodução

Um era quieto, quase tímido, sensível. O outro, solar, extrovertido, daqueles que perdiam um amigo mas não perdiam a piada – um blagueur, como se dizia no começo do século passado. Como na conhecida história em que os opostos se atraem – quase um clichê, mas verdadeiro –, Mário de Andrade, o calado sensível, e Oswald de Andrade, o piadista extrovertido, acabaram por forjar uma das mais importantes amizades no universo literário brasileiro. Amizade formatada na genialidade de ambos e na concepção de um outro Brasil, um Brasil modernista e moderno, habitado, ao mesmo tempo, por macunaímas, serafins ponte grande, e por uma leva de andrades sem parentesco, tarsilas, drummonds e bandeiras. Um país cujo desvario começaria na paulicéia e se espraiaria por todo o território nacional.

A amizade, no entanto, foi curta – entre finais dos anos 1910 até 1928 – e terminou de forma abrupta – isso, para alguns. Para outros, era mais do que esperada: no final, Oswald não perdeu a piada, mas realmente perdeu um amigo magoado. Mas essa amizade de altos e baixos rendeu História e histórias. E algumas cartas, como as que podem ser lidas no volume Correspondência – Mário de Andrade & Oswald de Andrade, organizado pela pesquisadora Gênese de Andrade – uma das maiores especialistas na obra e na trajetória de Oswald de Andrade – e publicado pela Editora da USP, Edusp. O livro é o oitavo volume de uma série de títulos que açambarca a variada correspondência de Mário para destinatários como Tarsila do Amaral e Manuel Bandeira.

“Essas cartas permitem ver com clareza a grande amizade que os uniu, a personalidade de Oswald, ao mesmo tempo afetuoso e ferino, e sua admiração por Mário. Demonstram a atuação de Oswald para divulgar o Modernismo na Europa e também o processo de criação de algumas de suas obras, como Serafim Ponte Grande (Ariel, 1933), de que ele cita trechos em cartas”, afirma Gênese Andrade em entrevista ao site da Edusp. “O conjunto é quase um diário de bordo, pois registra os vários lugares pelos quais passou: Portugal, Paris, Grécia, Jerusalém, Suíça… Ainda há a correspondência enviada quando ele estava a bordo e os cartões-postais. Até a passagem pela África, em uma escala do navio, está documentada em um postal em que Oswald aproveita para fazer um gracejo com a aparência de Mário”, conta a organizadora do volume, referindo-se ao material coletado (leia a íntegra da entrevista aqui).

Gênese Andrade - Foto: Arquivo pessoal/Instagram

Gênese Andrade - Foto: Arquivo pessoal/Instagram

No total são 27 missivas: 6 cartões-postais e 21 cartas e bilhetes enviados por Oswald em seu périplo “com fome de mundo e de gente, de ideias e acontecimentos”, como afirmou Antonio Candido no ensaio “Digressão sentimental sobre Oswald de Andrade”, de 2011. E até nisso os dois amigos/inimigos modernistas eram diferentes: se Oswald era quase um citoyen du monde, viajando sem parar, Mário só saiu do Brasil uma única vez – e mesmo assim de forma involuntária, quando foi parar em Iquitos, no Peru, durante sua viagem ao Amazonas, buscando material para o seu O turista aprendiz. “A Notre-Dame que exista aí sem mim, não faz mal nenhum nem pra mim nem pra ela. Agora: qualquer tapera da Bahia ou de Mato Grosso isso é diferente, me interessa e tenho desejo de ver”, escreveu Mário a Anita Malfatti.

Tarsila do Amaral, Retrato de Mário de Andrade, 1922 - Reprodução: Correspondência, de Gênese Andrade

Tarsila do Amaral, Retrato de Oswald de Andrade, 1922 - Reprodução: Correspondência, de Gênese Andrade

Apenas um documento dos publicados no volume, o primeiro, parece proceder de São Paulo – trata-se de uma resposta de Oswald a Mário a respeito da morte súbita de Maria de Lourdes Castro Dolzani, conhecida como Daisy, Dasy, Deisi ou Miss Cyclone, com quem Oswald se relacionou entre 1918 e 1919. A moça morreu aos 19 anos, pouco depois de seu casamento in extremis com o escritor. “Mário, recebi a tua excelente carta. Não me sinto com forças para respondê-la, Estou arrasado, meu ótimo amigo e isso numa idade de poucos entusiasmos, Sinto-me incapaz de reconstruir”, escreve no bilhete Oswald, em um tom que, de forma óbvia, em tudo difere das outras correspondências que enviou ao criador de Pauliceia desvairada

O casal “Tarsivaldo”

É importante que, ao se chegar neste livro, o leitor tenha em mente duas coisas: uma, é não esperar que, nas linhas manuscritas das cartas, bilhetes e cartões-postais escritos entre 1919 e 1928, vá encontrar grandes e decisivas discussões a respeito do projeto modernista. Não é o caso. Por mais que Oswald de Andrade se preocupasse em divulgar o Modernismo brasileiro e principalmente seus livros em terras europeias – particularmente na França –, o tom que se imprime na correspondência é coloquial, amistoso e muitas vezes jocoso, eivado de trocadilhos oswaldianos (leia trechos das cartas de Oswald no box abaixo).

Outra coisa a se ficar atento é que, apesar de o livro informar ser a correspondência de Mário e Oswald de Andrade, na verdade é quase uma via de mão única: o que se tem aqui primordialmente é o material que Oswald enviou para Mário. Aquele que Mário endereçou a Oswald se perdeu – a própria carta que inaugura o volume, sobre a morte de Daisy, não foi encontrada. A explicação é simples: enquanto Mário de Andrade fez questão de guardar toda sua correspondência recebida, hoje nos arquivos do Instituto de Estudos Brasileiros da USP (IEB-USP) e que deu vazão a esta coleção da Edusp, Oswald era, digamos, desleixado com relação a isso. “O Osvaldo perde tudo”, escreveu Mário em 1928 a outro interlocutor constante, o poeta Carlos Drummond de Andrade. Mário de Andrade se considerava um “correspondente contumaz” e sua vasta correspondência – arquivada em pastas e mais pastas de papelão – ficou trancada em um cofre até começar a ser divulgada em 1995, 50 anos após a sua morte, como ele desejava.

Bilhete de Oswald enviado quando estava em Lisboa, em janeiro de 1923 - Foto: Reprodução

Bilhete de Oswald em resposta a carta de Mário referente à morte da mulher do criador de João Miramar - Fotos: Reprodução

Cartão-postal enviado de Lisboa por Oswald a Mário - Fotos: Reprodução

É curioso ver aqui o viés de amizade entre os dois: Mário só chamava intimamente Oswald de “Oswaldo”, muitas vezes oscilando a grafia com “V” em vez do “W” original. Daí, inclusive , surgiu uma entidade fruto da inventividade de Mário: “Tarsivaldo”, a fusão dos nomes da artista Tarsila do Amaral – com quem o criador de João Miramar era casado na época –  e de Oswald (ou “Osvaldo”). As cartas deste volume da Edusp cobrem principalmente o período em que Tarsila e Oswald estavam casados – o escritor, inclusive, partiu para a Europa em 1922 para ficar com ela. “Quando Tarsila partiu para a Europa em viagem de estudos, no fim de 1922, deixou Mário encantado e Oswald apaixonado. Este não tardaria em viajar a seu encontro, e foi nesse momento que se identificou a relação de Mário com o casal Tarsivaldo”, informa Gênese Andrade em seu fundamental ensaio “Andrade versus Andrade”, que integra o volume de correspondência entre os dois pais do Modernismo brasileiro e auxilia na compreensão e contextualização da vida, obra e relações entre eles e seus amigos mais próximos. O livro traz ainda uma seleta de textos dos dois autores, um caderno de imagens, com fac-similes das cartas e bilhetes que Oswald enviou a Mário e fotografias dos dois e de outros personagens modernistas em várias situações, como na fazenda Santa Tereza do Alto, do casal Tarsivaldo

“Max Jacob do Bairro do Limão”

O ensaio de Gênese é essencial para deslindar a trajetória de uma amizade que começou em 1917 e foi, muitas vezes aos trancos e barrancos, até 1928, quando Mário se cansou de ser vítima da língua viperina de Oswald. É neste ensaio que, a partir de outras cartas enviadas por Mário a destinatários diversos e a trechos de críticas e artigos publicados em jornais da época, que pode-se ter uma imagem clara de como uma amizade que parecia sólida e formatada no respeito intelectual e no carinho mútuo foi se esboroando até se transformar no pó da mágoa, do rancor e do arrependimento. Mas, no meio disso tudo, ainda sobrevivia a admiração mútua, por mais que obliterada pelo ressentimento.

“O estudo de tudo isso, dos textos públicos e privados, permitiu entender como a amizade se construiu e se destruiu: como eles se admiravam, como Mário reagia às ironias de Oswald, como Mário refletia sobre a relação deles depois do rompimento, como a relação deles oscilava mesmo quando ainda eram amigos”, afirma Gênese na entrevista ao site da Edusp. “Cruzando essas informações – ensaios de um sobre o outro, entrevistas, cartas etc. –, é possível ver e entender a personalidade de Oswald e a oscilação de Mário, entre o afeto e a mágoa, quanto à apreciação de Oswald. Assim fica evidente que a admiração intelectual mútua os aproximou e não desapareceu depois que eles se afastaram em 1929, embora ambos tenham tido momentos de fúria.”

Muitas das rusgas entre os dois inicialmente se pautaram, pode-se dizer, por crises de ciúme intelectual. Como quando Mário elogiou – mais do que talvez o bom senso permitisse – o romance O homem e a morte, de Menotti del Picchia, praticamente elevando-o à condição de melhor livro de 1922. Isso, quando Oswald havia publicado no mesmo ano Os condenados. Criou-se um clima, acusações de parte a parte, mentiras e intrigas por parte de Oswald, mágoa e perdão posterior por parte de Mário. E a vida seguiu – com Tarsila no meio da história, como uma intermediária, já que muitas vezes Mário escrevia para a artista e pedia explicitamente que Oswald lesse a carta. E Oswald se metia nas cartas de Tarsila para o amigo. “Supõe-se que Oswald lia as cartas que Tarsila enviava a Mário, interferia em seu conteúdo e provavelmente exercia influência sobre ela quanto à interpretação dos fatos que os envolviam”, escreve Gênese em seu ensaio.

Mário de Andrade, Piolim (Abelardo Pinto), Haroldo Martins e Oswald de Andrade, na fazenda Santa Tereza do Alto, outubro de 1927 - Reprodução: Correspondência, de Gênese Andrade

“O Prudente de Moraes, neto e o Sérgio Buarque de Hollanda mandaram-me pedir que dissesse ao Osvaldo para lhes mandar o João Miramar que queriam dar notícia na [revista] Estética (…) Vou por minha conta lhes mandar o livro. O Osvaldo se não gostar que tire as calças e pise em cima. Acho idiota essa briguinha de comadres. Mas como vou assumir a responsabilidade do caso, pede ao Osvaldo que não vá me atrapalhar a política”, escreveu Mário a Tarsila em 1925, se referindo ao desentendimento de Oswald – mais um – com os escritores caracterizados como “o grupo do Rio de Janeiro”. “A carta é toda para falar de Oswald, e apenas nas linhas finais se ocupa de pedir notícias de Tarsila”, conta Gênese.

Mas os enfrentamentos intelectuais entre Mário e Oswald continuaram a década de 1920 afora, mesmo com as trocas eventualmente carinhosas e curiosas de correspondência. Porque uma coisa é escrever uma carta enquanto se está viajando. Outra, um artigo crítico sem papas na língua. Foi o que Oswald fez na crítica de Amar, verbo intransitivo, em 1927. E de nada adiantou a dedicatória simpática: “Para Tarsivaldo, constante sempre serei”. Oswald acusou o livro de “passadista”. E foi além: “um livro parecidinho com a vida”. E culmina, segundo Gênese Andrade, debochando do escritor: “Um Max Jacob do Bairro do Limão. Apenas Max Jacob é fotogênico, Mário não é. Não serve nem para Carlito nem para Rodolfo Valentino”, escreveu Oswald, se referindo ao poeta, escritor, pintor e crítico francês.

Mário acusou o golpe, ficou magoado (de novo), mas seguiu adiante com a amizade. Viajaram juntos para a fazenda Santa Tereza do Alto, assinaram como “Marioswald” um poema que deveria fazer parte do livro nunca publicado Oswandário dos Andrades. E Oswald elogiou muito o poema “Manhã”, de Mário. Tudo bem, então? Não.

“A amizade de Oswald e Mário sempre alternou camaradagem e conflitos, convergências e divergências, como as cartas documentam”, afirma Gênese Andrade em seu ensaio. Segundo ela, a amizade de ambos “era caracterizada pela mútua admiração literária, mas quase sempre, no caso de Oswald, encoberta pelo caráter intempestivo, mordaz, e pelo prazer da blague e do riso solto”. Em uma carta a Manuel Bandeira, Mário chega a afirmar: “Uma circunstância curiosa da minha vida é alimentar uma nova espécie de amizade: a amizade que amavelmente reage contra si mesma”. Em outra, para Drummond, de 14 de outubro de 1926, Mário afirma que Oswald “fez da vida um espetáculo de circo de que ele é o clown. Sacrifica tudo por uma blague, uma caçoada. Acho isso um mal”. 

A relação entre os três – Mário, Oswald e Tarsila – permaneceu constante apesar de tudo, embora ainda houvesse provocações, desentendimentos e desacordos cada vez mais frequentes. Macunaíma, publicado em 1928 – mesma época da Revista de Antropofagia de Oswald –, chegou a ser associado ao Movimento Antropófago oswaldiano. Coisa que Mário refutou em carta a Alceu Amoroso Lima, datada de 19 de maio de 1928: “Nem posso falar que acho horrível porque não entendo bem. (…) Os pedaços que entendo em geral não concordo”. Mas o caldo da amizade inconstante desandou de vez um ano mais tarde.

Di Cavalcanti, Oswald e Mário, 1933- Reprodução: Correspondência, de Gênese Andrade

“Em meados de 1929, quase um ano depois da última carta de Oswald, Mário rompeu definitivamente com ele, por motivos até hoje não totalmente esclarecidos”, conta Gênese Andrade. Para ela, a motivação poderia ser tanto pela disputa da liderança do movimento modernista e questões políticas quanto pelas atitudes mordazes de Oswald – talvez até mais plausível. Mesmo para uma personalidade pacata e sistemática como a de Mário Andrade há um limite de tolerância – segundo o poeta, crítico e jornalista Mário da Silva Brito, citado por Gênese Andrade, Oswald teria chegado a chamar Mário de “boneca de piche”. Mas a situação foi além.

“Segundo Aracy Amaral, os motivos do rompimento foram os constantes ataques de que Mário fora alvo na segunda dentição da Revista de Antropofagia, desencadeados por uma atitude sua reprovada pelos companheiros: ter comparecido a uma reunião em que estava presente Alberto de Oliveira, na casa de Yan de Almeida Prado”, informa Gênese, ressaltando mais uma vez as picuinhas inerentes ao universo modernista. E a retaliação foi feia: em artigos publicados sob pseudônimos na Revista de Antropofagia, Mário é caracterizado como “nosso Miss São Paulo traduzido em masculino”, de patrocinar um “comadrismo indecente” – ao publicar críticas não isentas em relação ao trabalho do grupo modernista Verde, de Cataguases (MG), e “Miss Macunaíma”. “Pairam sobre tudo isso insinuações sobre a homossexualidade de Mário”, afirma Gênese Andrade.

Segundo a organizadora do livro, em carta dirigida a Tarsila, para ser lida também por Oswald, datada de 4 de julho de 1929, Mário fala do rompimento com o amigo, referindo-se provavelmente a esses fatos. Visivelmente abalado, ele lamenta o ocorrido e afirma sobre a amizade interrompida: “Tudo ficou embaçado pra nunca mais. É coisa que não se endireita, desgraçadamente pra mim. (…) Como será possível imaginar que não me tenham ferido crudelissimamente?”. Mas isso de pouco adiantou. 

Quando viu que Mário não estava disposto a reconciliar a amizade, depois de várias tentativas frustradas de fazerem as pazes, Oswald passou a intensificar seus ataques ao ex-amigo. E o próprio Mário, mesmo antes do rompimento definitivo, já havia antecipado a situação e afirmado a Manuel Bandeira em uma carta de 7 de abril de 1928: “E o mais bonito, Manu, é que o Oswald não é meu amigo, fique sabendo. Eu é que sou amigo dele”.

Tarsila e Oswald, Rodes, 1926 - Reprodução: Correspondência, de Gênese Andrade

Depois do rompimento definitivo, os dois ex-amigos nem se viram nem se falaram mais. Evitavam mesmo falar um do outro – em público ou não –, mas quando isso acontecia, o ressentimento aflorava. Para Mário, Oswald era um “crápula”. Para Oswald, Mário era “cínico”. Mas ainda restavam admiração e carinho, guardados em algum lugar entre o cérebro e o coração. Isso fica claro quando Mário de Andrade morre, em 1945. Oswald só soube do fato dois dias depois, em uma estação de águas, e não pôde sequer acompanhar o enterro. “A reação sem palavras, com um grito surdo e o choro convulsivo, diante da notícia, fica como uma espécie de pós-escrito em suspenso da correspondência e da amizade também bruscamente interrompida”, escreve Gênese Andrade.

Mas talvez o melhor “pós-escrito” dessa relação tempestuosa, que trafegou do céu ao inferno várias vezes, uma verdadeira síntese, tenha sido uma declaração de Oswald em janeiro de 1954 ao jornalista Heráclio Dias, pouco antes de morrer. “Se é verdade que Drummond nasceu de mim, eu nasci do Mário”.

Palavras de várias latitudes

“Bananas! Concorrência com o Brasil! Querem ver que também há modernidade ocidental em Las Palmas! Abraços”

Las Palmas, 7 de janeiro de 1923

“Entrando em Portugal. Guardas fronteiriços suspeitos de espanholice. E o garbo tradicional da península. Opereta. Opereta a sério. E o raio da delicadeza lusitana, atávica a nós, de se espancarem e dizerem obrigado os primeiros portugueses que vi!

Paris – fumier, Paris farra, uma saudade civilizada de encontro à primeira saudade azul das caravelas”.

Lisboa, 21 de janeiro de 1923

“Depois de Portugal Contemporânea, Paris-Nouvelle Revue. (…) Manda-me urgentemente alguns exemplares de Paulicéia. (…) Manda-me sem falta coleções de Klaxon, para serem postas à venda no melhor salon littéraire de France…”

Paris, 25 de fevereiro de 1923

“Mestre Mário, 

O intrigante do Yan [de Almeida Prado] me mostrou pra mim uma carta de você que diz assim que você não imita eu. É verdade. Você é a prática culta da língua. Eu é a prática inculta. Pobrezinho que nem Minino Deus. (…)

Té logo.

Osvardo”

Paris, janeiro de 1925

“Meu querido Mário,

Um abraço de Partenopeia te levará a minha saudade literária. Daqui pra Grécia, Jerusalém, Egito.

Como os velhos roteiros envelhecem!”

A bordo do Lótus, 14 de janeiro de 1926

“(…)

Agora coisa sérias.

recebemos Losango [Cáqui], eu e Tarsila.

Bom, muito bom, ótimo.

Isso é poesia. Vale a pena ser brasileiro.

Brigaste com Menotti, era fatal. Agradeço muito a delicadeza da comunicação. Caminhos tão diferentes não podiam desembocar na mesma estrada”.

Paris, 1 de março de 1926

“Você nem sabe como escreveu uma coisa linda. Linda e profunda. Quando eu chegar (tempestadinha d’homem) faço questão que você me raconte as maravilhas de Marajó. E eu te levarei gravatas de Paris. Topa!

Tudo bem.

A antropofagia é um fato.”

A bordo do Alcântara, 19 de maio de 1928


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