Para Pimentel, a experiência vivenciada pelos pesquisadores suscitou questionamentos éticos que foram compartilhados no livro: os participantes dos grupos controle dos estudos deveriam ser priorizados para receber a vacina em detrimento de outros grupos prioritários? Uma vez demonstrada que as vacinas eram eficazes e seguras, os participantes deveriam ser informados sobre qual grupo eles pertenciam (o que recebeu a vacina e o que recebeu apenas placebo)? E, por fim, os critérios de inclusão e exclusão nestes estudos são apropriados e justificáveis em um contexto de pandemia?
Segundo o professor Santos, respostas a esses questionamentos podem ser fundamentadas na Lei de número 14.874, de 28 de maio de 2024, que dispõe sobre pesquisas com seres humanos e instituiu um Sistema Nacional de Ética em Pesquisas com seres humanos. A lei foi sancionada pelo presidente da república Luiz Inácio Lula da Silva e se baseia em princípios éticos da autonomia, na beneficência, não maleficência e justiça. O capítulo 6 trata da continuidade do tratamento após o ensaio clínico, aspectos que visam a proteção dos participantes da pesquisa e de seus direitos diante de casos como o apresentado no livro.
O livro da OMS é destinado ao público acadêmico e aos profissionais com interesse em ética em pesquisa, epidemias e pandemias e saúde global. Os tópicos abordados incluem questões que surgem ao priorizar e des-priorizar a pesquisa; adaptação de pesquisas e procedimentos de pesquisa; acelerar os processos de revisão ética e regulamentar; relatar resultados de pesquisas e compartilhar dados; e reconhecer e respeitar os direitos e interesses dos participantes na investigação, das comunidades e dos públicos em contextos pandémicos em rápida evolução.
Mais informações com os pesquisadores: Marcelo José dos Santos, email mjosan1975@usp.br e Rafael Rodrigo da Silva Pimentel, email rafaelpimentel@usp.br