A física está presente em diversos aspectos da vida humana e um deles é a área da saúde. Raios X, ressonância magnética, ultrassonografia, uso de radiação e tantos outros avanços em tratamentos e diagnósticos não seriam possíveis sem a atuação de profissionais dessa área do saber. Foi por isso que, no final da década de 1980, a USP em Ribeirão Preto inovou ao ser a primeira universidade da América Latina a criar um curso de Física para apresentar soluções aos problemas da área da saúde.
Já se passaram 35 anos e dezenas de profissionais foram capacitados para atuarem no cenário nacional e internacional, por meio do Programa de Pós-Graduação em Física Aplicada à Medicina e Biologia (FAMB) da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP. Para comemorar essa iniciativa de sucesso, a unidade promove nesta sexta-feira, 5 de março, às 9 horas, uma live no canal da FAMB no Youtube.
Participam do evento professores, pesquisadores e ex-alunos, como o empresário Felipe Grillo, sócio-fundador da Gphantom, startup que nasceu na Universidade e desenvolve simuladores para treinamento médico, e o professor Cláudio Luiz Carvalho, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), de Ilha Solteira, primeiro aluno a defender uma dissertação de mestrado na FAMB. Carvalho vai falar sobre sua trajetória no programa e o curso como catalisador de seu sucesso profissional.
Na abertura do evento, haverá a participação do diretor da FFCLRP, professor Marcelo Mulato, seguida de palestras sobre as perspectivas para o futuro da Física Médica. Para assistir basta clicar aqui.
Programa se mantém na vanguarda da pesquisa nacional
Com 504 defesas, entre mestrados e doutorados, e nota 5 pela avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), o Programa de Pós-Graduação em Física Aplicada à Medicina e Biologia se mantém na vanguarda das pesquisas em saúde clínica no território nacional. O professor Luciano Buchmann, coordenador da FAMB, conta que a inovação faz parte da identidade do curso, como no desenvolvimento de métodos magnéticos para estudar a modalidade gastrintestinal, em que “podemos afirmar que fomos pioneiros”.
Buchmann destaca ainda a participação do programa na separação das gêmeas siamesas Maria Ysabelle e Maria Ysadora, por meio do desenvolvimento de um simulador com características morfológicas idênticas às das pacientes, o que permitiu que os cirurgiões pudessem treinar, sem oferecer riscos, antes da realização da cirurgia. “Ao todo foram produzidos (para a cirurgia das gêmeas) mais de oito modelos de simuladores ao longo de 15 meses, auxiliando inclusive médicos internacionais, colaboradores da cirurgia”, conta.
O programa não reúne apenas profissionais da Física, mas também de áreas como medicina, engenharias biomédica, de materiais e química, além de biofísica, ciência da computação, odontologia e farmácia, todos voltados para a solução de problemas que envolvem questões ligadas à saúde. Entre os objetivos, o curso busca “consolidar áreas importantes para a formação básica do físico e do físico-médico, como ciências, desenvolvimento e aplicações de materiais, espectroscopia e teoria”.
Para os próximos anos, o coordenador diz que o objetivo é “manter a excelência e a qualidade da produção científica, que já é reconhecida internacionalmente”. Além disso, destacar os trabalhos desenvolvidos no programa para “garantir o reconhecimento perante a sociedade do investimento realizado por funcionários, docentes e alunos de pós-graduação”. Promover eventos de interesse da comunidade científica e da sociedade para enriquecer a interdisciplinaridade e buscar maior conexão com o setor produtivo e de serviços da área da saúde, também estão entre os desafios do programa.
Buchmann afirma ainda que pretende garantir a continuação da interdisciplinaridade das pesquisas realizadas, “mesmo com isolamento social e distanciamento entre alunos, orientadores e principalmente com colaboradores nacionais”.