O programa Ambiente É o Meio desta semana conversa com a pesquisadora Mary de los Angeles Gasalla, professora do Instituto Oceanográfico da USP, sobre o aumento da temperatura do mar e os impactos na existência de populações de peixes.
A pesquisadora coordenou o projeto Aprendizado global para soluções locais: Reduzindo a vulnerabilidade das comunidades costeiras dependentes do mar (GULLS – Global Understanding and Learning for Local Solutions: Reducing vulnerability of marine-dependent coastal communities, Fapesp/Belmont Forum), que estudou as mudanças climáticas nos oceanos e seus impactos nas comunidades costeiras, especialmente de pescadores tradicionais. Foram feitos estudos de casos em cinco áreas costeiras e oceânicas do planeta, que estão sofrendo taxas de aquecimento das águas marinhas acima da média, para estudar as mudanças climáticas e as adaptações a essas mudanças. Foram feitos estudos de casos, concomitantemente, no Brasil, África do Sul, Madagascar, Índia e no sudeste da Austrália. O projeto contou com a participação das comunidades locais, com cientistas do clima, oceanógrafos e com um grupo focado em análises sociais e na educação.
Mary conta que além das mudanças climáticas globais, as populações aquáticas têm sofrido com a ação humana como um todo. Diz que “o mar não está para peixes” enquanto continuarmos a usar rios e costas como locais para mineração, construção de hidrelétricas ou grandes projetos de urbanização e de turismo desenfreado.

É devido a ações como essas que “estamos destruindo vários habitats naturais e, com isso, interferindo muito na vida das populações de peixes e outros recursos”, enfatiza a pesquisadora, que também associa os impactos ao desmatamento em áreas de mangues e destruição de recifes.
Segundo Mary, os resultados da ação do homem são vistos também no aumento da temperatura do mar e na perda de níveis de oxigênio, causados tanto pelas mudanças climáticas como pela degradação dos habitats. “O ecossistema é frágil e o homem realmente está caminhando por escolhas que acabam sensibilizando as populações de peixes e os recursos pesqueiros”, afirma.
Ouça no player acima o programa Ambiente É o Meio na íntegra.