O programa Ambiente É o Meio desta semana conversa com a bióloga e pesquisadora Silvia Sayuri Mandai, da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP, sobre a inclusão da biodiversidade em Estudos de Impacto Ambiental (EIAs) realizados no Estado de São Paulo.
Os EIAs são relatórios técnicos, efetuados durante o licenciamento ambiental, que avaliam as consequências que empreendimentos ou atividades podem causar ao meio ambiente. A pesquisadora analisou 59 estudos divulgados entre 2005 e 2016, durante seu mestrado em Sustentabilidade pela EACH. Silvia conta que buscou entender como esses estudos contemplaram a biodiversidade do Estado.
A análise aconteceu por meio de um sistema de pontos que levou em consideração a abordagem de aspectos, como os níveis de biodiversidade, biologia da paisagem, conectividade ecológica e as principais ameaças recorrentes nos ambientes, como perda de hábitat e fragmentação da paisagem. Segundo a bióloga, 97% dos estudos foram feitos de forma insatisfatória, não ultrapassando a média da avaliação, e 61% foram considerados intermediários, ou seja, “não estavam nem muito bons e nem muito ruins”.
Porém, o mau desempenho não parou por aí. Ao analisar os aspectos da hierarquia de mitigação – intervenções que buscam, respectivamente, evitar, reduzir ou remediar os impactos ambientais – a pesquisadora viu que as medidas para minimizar e compensar abalos são tomadas com mais frequência do que as medidas para evitar.
A bióloga conta ainda que esse parâmetro não é encontrado apenas aqui no Brasil, pois países como Estados Unidos, Índia, Finlândia e Israel também não revelaram desempenho de qualidade nos estudos de impacto ambiental. “Vários países, apesar de signatários da Comissão Sobre Diversidade Biológica, têm tido dificuldades em contemplar aspectos da biodiversidade e de impacto ambiental em seus estudos.”
Ouça no player acima a íntegra do programa Ambiente É o Meio.