O Jornal da USP no Ar 1ª Edição conversou com o professor Marcelo Zuffo, do Departamento de Engenharia de Sistemas Eletrônicos da Escola Politécnica (Poli) da USP e Laboratório de Sistemas Integráveis (LSI), que vem coordenando pesquisas e desenvolvimentos na área de meios eletrônicos interativos.
O professor começa destacando que ainda existem “alguns percalços” com a implementação do 5G no Brasil e que, em relação à tecnologia 6, teríamos que resolver algumas problemas fundamentais, ao destacar a questão do arcabouço tecnológico que será utilizado e a indefinição dos domínios, a depender do sucesso ou fracasso da tecnologia no mundo.
A forma como o 6G se destaca em relação às tecnologias anteriores está no volume de transmissão de dados, que poderia ser “no mínimo 10 a 100 vezes maior” em relação ao 4G e ao 5G. Justamente por isso, questões de ordem dos domínios e padronização das aplicações da ferramenta podem ser os maiores impeditivos para que ela chegue rápido no País.
A padronização depende de discussões e participação de diversos países, já que a área apresenta uma competição “bastante acirrada”. Nações como Estados Unidos, Japão, China e alguns países europeus disputam milimetricamente cada espaço de discussão em fóruns tecnológicos, estando “em jogo bilhões de reais de patentes e projeção tecnológica de um país em relação ao outro”, complementa Zuffo.
Barreiras na implementação
A quinta geração ainda está passando por uma normatização, em especial no Brasil, que, na opinião do professor, poderia ter participado mais ativamente na padronização dessa tecnologia. Ele diz, ainda, que a problemática no financiamento de pesquisas científicas no País, somada ao contexto de pandemia e de guerra na Ucrânia, tem gerado uma “confusão muito grande nas cadeias globais e suprimentos de eletrônicos”, impactando de forma muito negativa a implantação do 5G.
Ainda não havendo definição da agenda dessa geração, levará mais algum tempo para que o 6G passe do quadro incerto para ser colocado em prática. O professor lembra ainda que isso configuraria um cenário complexo, porque não envolve só a internet: “A humanidade precisa muito de comunicação e internet de qualidade. E essa demanda e a vontade da sociedade consumir fazem com que esse cenário seja complexo, porque há a competição em torno da temática, seja por corporações tecnológicas, seja pelas ideias com que a sociedade humana consome essa tecnologia”.
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