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OMS alerta para hepatite misteriosa que avança na Europa e preocupa especialistas

A infectologista do HC, Heloísa Helena de Souza Marques, conta que a doença, com causas ainda desconhecidas, atinge especialmente crianças e pode causar a falência hepática

 05/05/2022 - Publicado há 2 anos     Atualizado: 13/05/2022 as 8:16

Por: Redação

Arte: Adrielly Kilryann

 

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Uma hepatite misteriosa que atinge crianças avança na Europa e preocupa os médicos no Brasil. A Organização Mundial da Saúde chegou a emitir um alerta depois de ser comunicada sobre infecções em mais de 200 países. Os especialistas defendem que os serviços de saúde fiquem atentos aos casos suspeitos e em que o agente infeccioso não é confirmado.

Heloísa Helena de Souza Marques, chefe da unidade de Infectopediatria do Instituto da Criança e do adolescente do Hospital das Clínicas da FMUSP, participa de uma equipe técnica que vai elaborar uma nota sobre o assunto, a ser divulgada em breve. Ela fala ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição a respeito do que sabe sobre essa hepatite misteriosa. “O que chamou atenção, inicialmente no Reino Unido, foi que eles começaram a ver crianças pequenas com um quadro de hepatite muito grave e fora do esperado do ponto de vista epidemiológico”, afirma. Em muitas dessas crianças foi registrada a falência hepática, sendo necessário o transplante de fígado.

Heloísa Helena de Souza Marques - Foto: Reprodução/AACPHIV

Heloísa Helena de Souza Marques - Foto: Reprodução/AACPHIV

Heloísa explica que foram 169 casos confirmados. Em cerca de 10% deles o transplante foi necessário. Também foi relatada a morte de uma criança, mas as causas totais ainda precisam ser investigadas. No Brasil, até o momento, não há nenhum caso. Esses casos são chamados de misteriosos por que não são causados por nenhum dos vírus da hepatite conhecidos. Na investigação infecciosa e nas biópsias hepáticas, Heloísa conta que adenovírus do tipo F foram identificados, mas até o momento não é possível concluir que eles são os responsáveis pelas lesões. Também houve crianças que contraíram a covid-19 e podem desenvolver quadros mais graves, mas é necessária mais apuração. “A gente precisa ter um acúmulo maior de informações. Esses adenovírus não têm como característica causar lesão hepática”, afirma.

Orientações

A pesquisadora ressalta a importância da vacinação. “Para hepatite A e B, tem vacina no nosso calendário do Plano Nacional de Imunizações. Que as nossas crianças possam se proteger e ter os efeitos da doença atenuados”, recomenda.

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A prefeitura de São Paulo publicou uma nota técnica orientando que sejam notificados casos de crianças menores de 16 anos com quadros de hepatite e transaminases acima de 500. “Aqui no Hospital das Clínicas nós já estamos nos reunindo com todos os técnicos e elaborando um roteiro de abordagem clínica desses pacientes, além da investigação laboratorial com os recursos que nós temos”, conclui.


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