Medicamento injetável em teste abre perspectivas para melhor adesão à prevenção do HIV

Ricardo Vasconcelos fala sobre a Profilaxia Pré-Exposição injetável, em desenvolvimento pelo Estudo Mosaico da FMUSP, que apresentou bons resultados em animais e agora é testada em humanos. A ideia é que a administração subcutânea apenas uma vez a cada seis meses facilite a adesão dos usuários

 26/10/2022 - Publicado há 2 anos     Atualizado: 27/10/2022 as 14:16

Logo da Rádio USP

Uma das maneiras de se proteger contra o vírus da imunodeficiência humana (HIV) é por meio da Profilaxia Pré-Exposição (PrEP). Desde 2017, todos aqueles que se considerem vulneráveis ao HIV, mesmo usando outros tipos de prevenção, podem adquirir o PrEP oral via SUS. O uso contínuo, porém, pode ser um obstáculo para alguns pacientes. 

Pensando em facilitar a vida do usuário, pesquisadores do Estudo Mosaico, da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), estão desenvolvendo uma profilaxia injetável contra o HIV, a Lenacapavir,  que seria administrada a cada seis meses e de forma subcutânea, assim como a insulina. “Quando pensamos em prevenção do HIV, o melhor método de prevenção para cada pessoa é aquele método que a pessoa escolhe usar e consegue usar de forma correta e de forma constante”, explica o pesquisador e coordenador do estudo, Ricardo Vasconcelos.

Ricardo Vasconcelos – Foto: FMUSP

O comprimido é uma excelente maneira de prevenção, porém depende de um compromisso da pessoa para continuar o tratamento. Existe, também, outra forma de profilaxia injetável que está em análise na Anvisa: a intramuscular, aplicada no glúteo a cada dois meses. Hábitos e diferentes tipos de vida podem prejudicar esse tratamento contínuo, de forma que se torna não prático e mais fácil de ser abandonado. “A gente foi percebendo aos poucos que, quanto mais os diferentes métodos de prevenção estiverem disponíveis para a população, mais fácil vai ser contemplar todos os estilos de vida”, diz Vasconcelos.

Existem pessoas que não conseguem usar preservativo e tomar remédio diariamente, lembra o infectologista. Esse método, então, está sendo desenvolvido com o propósito de tornar a vida das pessoas mais fácil, garantir o tratamento contínuo e diversificar os métodos de prevenção para que todos sejam incluídos. 

Como a profilaxia funciona?

O princípio da PrEP é sempre o mesmo: impedir que o vírus, após entrar no corpo, não se multiplique. Para as pessoas que não vivem com HIV, o que o estudo pretende com a injeção é que, caso o vírus entre no corpo da pessoa, o sistema imune consiga bloquear e destruir o vírus.

O medicamento é injetado duas vezes ao ano e segue a tecnologia das vacinas Janssen e AstraZeneca contra a covid-19, de retrovírus. “A gente administra medicamentos anti-retrovirais com o objetivo de proteger essa pessoa dessa infecção. O que ele faz é impedir que o HIV se multiplique numa pessoa que está com HIV”, explica. O medicamento pode também ser aplicado naqueles que não possuem a doença, especialmente por se tratar de uma prevenção. 

O pesquisador também fala de prevenção combinada: uso de preservativos com medicamentos. “A ideia de que você tem, como profissional da saúde, oferecer todo o cardápio para a pessoa e a pessoa que vai ver o que que ela consegue aplicar na vida dela”, complementa o infectologista. 

A injeção ainda está em fase de teste e não se sabe a eficácia. Para isso, são necessários voluntários específicos para o estudo: pessoas trans, não binários, maiores de 18 e homens homossexuais. Para entrar em contato, o telefone é (11) 93278-6719, ou acesse o site da pesquisa: https://www.purposestudies.com/. Também, a demonstração de interesse e mais informações sobre o processo podem ser encontrados pelo Instagram do PEC – Programa de Educação Comunitária (@pecnasredes).


Jornal da USP no Ar 
Jornal da USP no Ar no ar veiculado pela Rede USP de Rádio, de segunda a sexta-feira: 1ª edição das 7h30 às 9h, com apresentação de Roxane Ré, e demais edições às 14h, 15h, 16h40 e às 18h. Em Ribeirão Preto, a edição regional vai ao ar das 12 às 12h30, com apresentação de Mel Vieira e Ferraz Junior. Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 93.7, em Ribeirão Preto FM 107.9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo do Jornal da USP no celular. 


Política de uso 
A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação do Jornal da USP e do autor. No caso dos arquivos de áudio, deverão constar dos créditos a Rádio USP e, em sendo explicitados, os autores. Para uso de arquivos de vídeo, esses créditos deverão mencionar a TV USP e, caso estejam explicitados, os autores. Fotos devem ser creditadas como USP Imagens e o nome do fotógrafo.