Liberação de fundo partidário para combate à covid-19 exige maior reflexão

Glauco Peres avalia que o debate sobre fundo eleitoral revela certo oportunismo e também manifesta incerteza quanto ao calendário político, que pode ser afetado pela crise na saúde

 14/04/2020 - Publicado há 4 anos
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A Justiça suspendeu a liminar que bloqueava os fundos eleitoral e partidário a fim de combater a epidemia do coronavírus. A decisão havia sido tomada no dia 7 e foi suspendida, a pedido da Advocacia Geral da União e da Advocacia do Senado. Os fundos eleitoral e partidário somam quase R$ 3 bilhões.

Para Glauco Peres, professor do Departamento de Ciência Política da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, a discussão revela certo oportunismo por parte dos defensores da transferência desse dinheiro. “Por conta do contexto, a decisão seria moralmente aceitável. É claro que se deve destinar subsídios para o combate à pandemia, mas por que esse dinheiro, por que não recursos de outro lugar?”, comenta o professor ao Jornal da USP no Ar

Segundo ele, a discussão sobre os fundos precisa considerar que os mesmos políticos iriam se manter no poder e haveria uma elitização ainda maior na política, já que a classe econômica dominante teria mais chances de se apresentar aos eleitores. “Reclamamos tanto dos nossos representantes, mas como vamos votar melhor sem conhecê-los? É para isso também que serve o dinheiro desses fundos”, explica Peres. “As pessoas se encantam com a cifra e se esquecem para que o dinheiro seria usado. O fundo partidário é o único dinheiro a que muitos partidos têm acesso”, aponta. 

Para o professor de Ciência Política, o Congresso tem sido bastante atuante durante a crise na área da saúde, “apesar de poder não ser no rumo que queiramos”, ocupando um vácuo deixado pelo Executivo. Ainda comentou sobre o calendário eleitoral deste ano: “Não temos certeza ainda sobre como a pandemia vai afetar o calendário, mas estudiosos comentam sobre diversos cenários, seja a alteração do calendário, seja na extensão dos mandatos, por exemplo”. 

Ouça a entrevista na íntegra.


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