A plataforma observada neste terceiro boletim do monitoramento das redes sociais foi o Tik Tok, pelos pesquisadores Natasha Bachini e Pablo Almada, do Núcleo dos Estudos da Violência. Desde de julho de 2022, o NEV tem analisado os conteúdos vinculados às eleições deste ano. Com a expansão da plataforma, a pesquisa demonstrou não apenas uma predominância de assuntos ligados aos presidenciáveis, como também o crescimento dos temas relacionados à política.
Metodologia
O conteúdo formado no Tik Tok segue trends e assuntos do momento na elaboração de vídeos curtos. Pablo Almada explica que a maneira como o aplicativo faz a gestão de informações, a partir de algoritmos que direcionam os assuntos para os usuários, faz dele uma plataforma que “constrói conteúdos em detrimento de outros conteúdos”, ao relacionar as preferências dos perfis aos assuntos do momento.
E, assim como no Instagram, a coleta de dados se deu a partir da extensão desenvolvida pelo Digital Methods Initiative, denominada Zeeschuimer. Os pesquisadores guiaram a pesquisa com a utilização das hashtags mais populares sobre o assunto das eleições de 2022, que estão relacionadas aos candidatos Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva, e da ferramenta Tik Tok Creative Center, para identificação dos vídeos mais vistos.
A partir deles, foi observado que os conteúdos das campanhas dos principais candidatos se referenciaram e retroalimentam. Assim, constatou-se que ambos possuíam vídeos que se relacionavam, mesmo com um predomínio na utilização de hashtags mencionando um presidenciável em relação ao outro: “Praticamente, a menção ao Lula é metade das menções ao Jair Bolsonaro”, comenta o pesquisador.
Isso ocorreu porque a utilização de menções em maior quantidade dos apoiadores de Lula “pulveriza as publicações”, mas que, justamente pela correlação entre temas, continuam tendo uma visibilidade relevante.
Dados obtidos e repercussão
A pesquisa no Tik Tok possui caráter pioneiro no Brasil e identificou uma articulação de marketing político que se baseia no crescimento do aplicativo, que surge como uma grande aposta: “Ele hoje seria a mídia social do momento”, adiciona Pablo Almada.
E parte dessa articulação surge com a distribuição facilitada, com os algoritmos direcionados do aplicativo. O pesquisador chega até a comparar a relevância do aplicativo com os impactos do WhatsApp nas eleições de 2018: “Ele [WhatsApp] era chave para a gente verificar o que estava acontecendo nas campanhas eleitorais. Então, surge a hipótese de que o Tik Tok seja esse aplicativo no momento”.
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