A COP, Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas Sobre Mudança do Clima, ocorre todos os anos em locais diferentes. Este ano, a COP27, que ocorreu no Egito, reuniu 196 países, incluindo o Brasil, para abordar temas ambientais e climáticos.
“Ela tem uma importância crucial. Eu acho que é uma luz mais do que vermelha, talvez roxa de que, se a gente não mudar esse caminho, a gente vai sofrer muitíssimo com as mudanças climáticas. É o momento quando a gente pode parar, refletir e realinhar as nossas atividades”, comenta o pesquisador Johnny Kallay, do Instituto de Relações Internacionais da USP.
Protagonismo
A COP é um dos maiores eventos globais de temática ambiental. Por mais que o mundo esteja presenciando um aumento da propagação de fake news, anticiência e negacionismo, Kallay acredita que a importância desse evento também é crescente: “Obviamente, algumas COPs trazem resultados melhores, em outras, os resultados são um pouco frustrantes, mas isso faz parte da discussão. Quanto mais a gente discutir sobre esse problema, maior será a conscientização de todos. Então, ela continua sendo importante, ela vai ser importante cada vez mais daqui para frente”.
A importância crescente do evento revela quão fundamental é o Brasil ter uma posição de destaque. Para o pesquisador Paulo Artaxo, do Instituto de Física da USP, o Brasil sempre teve um papel de liderança muito forte nessas questões, mas isso mudou: “O último governo acabou com a imagem boa que o Brasil tinha na questão ambiental e climática. E, hoje, é muito importante resgatar esta imagem de país avançado, moderno, que respeita o meio ambiente, que cuida do desenvolvimento tanto de uma maneira sustentável quanto da preservação dos seus próprios ecossistemas. O Brasil tem uma tarefa importante de resgatar a credibilidade que perdeu ao longo dos últimos quatro anos”.
Pós-COP
O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva marcou presença na COP27 como convidado, porém, foi responsável por um dos momentos altos da conferência. Lula ofereceu o Brasil como sede da COP30, que ocorrerá em 2025.
A retomada de atitudes pró-ambientais é muito proveitosa para o cenário brasileiro posterior à conferência: “Vai trazer mais credibilidade para o País, vai abrir portas para maiores investimentos e inclusive abrir uma porta maior ainda para a economia verde. Eu acredito que esse resgate do protagonismo é muito importante para o Brasil. Isso que se espera: uma simbologia muito forte com essa mudança climática, com a urgência que a gente tem de novas ações ou de ações adicionais para redução da temperatura global”, analisa Kallay.
Brasil
Entretanto, mesmo o Brasil reconquistando o protagonismo no âmbito climático e ambiental, ele enfrentará desafios. Artaxo cita alguns: “Um deles é o desmatamento da Amazônia, mas nem de longe é o pior. Na verdade, o Brasil tem vulnerabilidades extremamente importantes na questão climática. A nossa economia é baseada no agronegócio e, com a queda da precipitação e da chuva no Brasil Central que os modelos climáticos preveem, o Brasil vai ter que repensar o seu modelo de desenvolvimento. Somente um modelo baseado na agricultura e na pecuária pode não ser tão lucrativo assim para o Brasil”.
A adaptação do novo governo é fundamental para Artaxo: “O novo governo brasileiro vai ter que ser inteligente e esperto o suficiente para aproveitar as nossas vantagens estratégicas, que são enormes, e enfrentar as nossas vulnerabilidades, diminuindo o dano na população mais vulnerável”.
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