A mídia é essencial para a manutenção da democracia

Vitor Blotta e Bruno Paes Manso ressaltam a importância dos veículos de comunicação para a sociedade

 14/06/2019 - Publicado há 6 anos
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É inegável o papel que as mídias têm hoje na sociedade. Seja para o bem ou para o mal, em suas mais variadas formas – falada, escrita, televisada e até aquela feita pelos meios virtuais e outros meios que sejam possíveis – inspiram discussões, ajudam a forjar ou a fortalecer um ponto de vista, informam e, muitas vezes, desinformam.

A mídia é essencial para a manutenção de uma democracia. No entanto, isso não significa que às custas deste argumento ela possa manipular, ainda que de forma velada, tudo aquilo que é veiculado, a fim de movimentar a massa social num determinado caminho, como muitos a acusam de fazer.

Nesse contexto, qual é o papel real da mídia na sociedade? Até que ponto deve atuar e quais os seus limites em um Estado verdadeiramente democrático? Ela merece ser demonizada, como muitos fazem? Ou deve ser vista como um instrumento essencial para a manutenção do Estado democrático de direito, mesmo com suas falhas?

Para responder a essas e outras questões sobre mídia e sociedade, o Diálogos na USP recebeu os professores Vitor Blotta, da Escola de Comunicações e Artes da USP e coordenador do grupo de pesquisa Jornalismo, Direito e Liberdade do Instituto de Estudos Avançados da USP, e Bruno Paes Manso, economista e jornalista, pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da USP.

O programa Diálogos na USP debate sobre mídia e sociedade com os professores Bruno Paes Manso (NEV) e Vitor Blotta (ECA), apresentação Marcello Rollemberg – Foto: Cecília Bastos / USP Imagens

Para Vitor Blotta, a mídia não pode ser condenada por todos os malefícios da sociedade. “Quem normalmente propõe esse argumento são aquelas pessoas que acabam trazendo, pelo papel que elas exercem na sociedade, uma perspectiva midiacêntrica”, afirmou o professor. Esta visão é configurada quando se observa tudo pelas lentes da mídia, de modo que “acaba-se amplificando as possíveis relações da mídia”.

Bruno Paes Manso ressaltou a importância dos veículos comunicacionais, argumentando que “o jornalismo é uma das soluções para uma sociedade democrática mais forte”. Ele também apontou para a importância da mídia como reguladora dos órgãos públicos, sempre atenta para “revelar os desvios para constranger os poderosos em nome de quem não tem poder”.

Blotta apontou que no Brasil atual há mais aparelhos celulares do que pessoas e, sendo assim, podemos considerar a internet como disseminada no País. Ainda assim, ele relembrou que há um grande porém: “Há uma desigualdade de distribuição e de acesso à rede. Em lugares mais distantes dos centros das grandes metrópoles do Brasil, a maioria dos planos de internet são pré-pagos e muitos desses com acesso apenas a WhatsApp e Facebook”, que não são fontes confiáveis de informação.

Manso destacou que, independentemente de seus efeitos serem bons ou ruins, as redes sociais já se afirmaram e não há como voltar ao passado. “A grande discussão é o jornalismo mesmo. Qual é o papel do jornalismo nisso?”, questionou. O professor também se demonstrou preocupado com a diminuição das verbas, alegando que “hoje não existe mais dinheiro para se fazer jornalismo, fora algumas exceções, não há mais capacidade econômica de bancar a produção de notícias, que é muito cara”.

Acompanhe a íntegra do programa pelos links acima.

 


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