O ChatGPT continua liderando as listas de discussões no mundo. Chegamos a um ponto, segundo Glauco Arbix, que todos nós começamos a sentir que as nossas vidas podem ser alteradas em múltiplos aspectos, da saúde à educação, passando pelo trabalho. “É ingenuidade acreditar que nós podemos deixar essa tecnologia correndo solto, nós não podemos fazer isso […] acontece que muita gente importante ocupa páginas da mídia escrevendo manifestos para anunciar que a inteligência artificial estaria prestes a atingir um nível que colocaria a humanidade frente ao risco de extinção”, diz o colunista. “Não acredito, acho que é exagerado e não procedente.” Observa, porém, que “nós temos que ter medo da inteligência artificial como de qualquer outra tecnologia poderosa, e essa é particularmente poderosa”.
Em relação ao mercado de trabalho especificamente, ele argumenta que, em outros momentos da história, atividades mais rotineiras eram automatizadas, mas que hoje o que se vê são advogados, jornalistas, médicos, roteiristas de cinema, “gente qualificada que, na verdade, desempenha funções que o ChatGPT pode fazer mais rapidamente, às vezes com uma agilidade maior”. Enquanto isso, continuam saindo pesquisas a respeito da influência da inteligência artificial no mundo do trabalho. “O mais importante, porém, é que os trabalhadores menos qualificados melhoraram muito mais, em maior intensidade, do que os mais qualificados.”
“Acho que essas são pesquisas extremamente estimulantes para nós, mas é preciso mudar o rumo, as tecnologias estão sendo criadas e concebidas para imitar, ou mesmo superar, as atividades humanas e não para aumentar nossas capacidades, que eu acho que é o que deveria ser feito, todo mundo pode e deve ter um assistente para a gente fazer aquilo que a gente tem que fazer de um modo melhor, e não para ser substituído pelas tecnologias. Esse é um alerta para quem pesquisa, aqui, para o centro da USP, para os centros que existem no Brasil, em todo o mundo, nós temos que conceber tecnologias que ajudem a gente a multiplicar e a fazer com que os empregos surjam, que a gente tenha mais suporte e que ajudem a gente a ter bons apoiadores, bons assistentes, mesmo que no mundo virtual.”
Observatório da Inovação
A coluna Observatório da Inovação, com o professor Glauco Arbix, vai ao ar quinzenalmente, terça-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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