
A crise dos planos de saúde vem se arrastando há anos, mas a pandemia parece ter sido a gota d’água para o setor. Os planos fecharam 2022 com prejuízo operacional superior a R$11 bilhões, o pior patamar em 20 anos, segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Planos sem poder repassar os custos aos consumidores, demanda represada e a falta de insumos acabam provocando um efeito cascata no mercado e a situação pode ficar ainda mais grave do que sinalizam os indicadores do setor.

O pesquisador Lucas Andrietta, do Instituto de Estudos Avançados da USP (IEA) e integrante do Grupo de Estudos sobre Planos de Saúde e Interações Público-Privadas (GEPS/FM-USP), explica que ocorreu má gestão financeira porque as empresas faturaram bastante nos anos de pandemia.
Nos anos pós-pandemia, o setor ainda vem passando por ajustes para tentar manter as contas no azul. É importante ressaltar que os resultados mudam de empresa para empresa, já que nem todas as operadoras de saúde tiveram lucros. O que faltou foi planejamento e provisões para o futuro, segundo especialista.
Judicialização
Algumas empresas, hospitais e até laboratórios acabam negando coberturas de alguns procedimentos, sejam exames, medicamentos ou atendimentos, fazendo com que o consumidor procure a justiça. Normalmente, o paciente que busca o atendimento na justiça acaba ganhando, já que a função da Agência Nacional de Saúde é manter o atendimento independentemente do plano de saúde ou cobertura.
Lucas alerta que os planos de saúde particulares não vão resolver o problema da saúde pública no Brasil, justamente porque pertencem a um grupo ainda seleto, seja pelos que têm condições de pagar planos privados ou por aqueles que trabalham e têm o acesso ao serviço oferecido pela empresa à qual estão vinculados.
O SUS (Sistema Único de Saúde) precisa estar presente em todo o País para atender aos que não têm acesso e, principalmente, para poder suprir questões como vacinação e vigilância sanitária.
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