“O que nos reservam os próximos 100 anos?”, questiona titular da Cátedra José Bonifácio

Embaixador Rubens Ricupero fez uma palestra sobre suas atividades à frente da Cátedra em 2021 e 2022, que teve o bicentenário da Independência brasileira como tema

 22/09/2022 - Publicado há 2 anos     Atualizado: 23/09/2022 as 18:30
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“Quando fui convidado para assumir a Cátedra, era, de certa forma, imperativo que o bicentenário da Independência fosse escolhido como tema de reflexão crítica”, afirmou Rubens Ricupero – Foto: Jorge Maruta / USP Imagens

 

Foi promovida, no dia 21 de setembro, a cerimônia de apresentação das atividades do embaixador e ex-ministro da Fazenda, Rubens Ricupero, como titular da Cátedra José Bonifácio em 2021 e 2022. A cerimônia foi realizada no Auditório István Jancsó da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin e contou com a presença de dirigentes, pesquisadores, docentes e estudantes.

Na ocasião, também foi lançado o livro Balanço e Desafios no Bicentenário da Independência, coordenado pelo catedrático e publicado pela Edusp. A obra resulta do trabalho realizado por Ricupero na USP, concentrado na reflexão sobre a efeméride, entendendo o período como momento importante para refletir sobre os erros e acertos do País nos últimos 200 anos e, assim, projetar perspectivas para o futuro.

Empossado em janeiro deste ano, Ricupero é figura conhecida do cenário político e acadêmico brasileiro. Foi ministro da Fazenda (1994) e do Meio Ambiente, entre 1993 e 1994. Atuou como secretário-geral da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), entre 1995 e 2004, além de ter sido subsecretário-geral da ONU no mesmo período.

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Segundo brasileiro a ocupar a Cátedra – a escritora Nélida Piñon foi a titular de 2015 –, Ricupero é o primeiro dos catedráticos formado pela própria USP. Graduou-se pela Faculdade de Direito (FD), em 1959, mas também frequentou aulas na Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária (FEA) e na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH).

A Cátedra é uma iniciativa do Centro Ibero-Americano (Ciba), núcleo ligado à Pró-Reitoria de Pesquisa e Inovação e ao Instituto de Relações Internacionais (IRI), que convida uma personalidade do mundo ibero-americano para ministrar atividades acadêmicas na USP durante um ano letivo. Os convidados desenvolvem pesquisa na Universidade, na temática referente à sua especialidade. Além disso, são realizadas conferências abertas à comunidade e, até mesmo, específicas para docentes e discentes.

O primeiro titular da Cátedra foi o ex-presidente do Chile, Ricardo Lagos, que tratou do tema O desenvolvimento da América Latina e a governança internacional durante o ano de 2013. Lagos foi sucedido pelo secretário-geral da Secretaria-Geral Ibero-Americana, Enrique Iglesias (2014); pela escritora e integrante da Academia Brasileira de Letras, Nélida Piñon (2015); pelo ex-primeiro-ministro da Espanha, Felipe González Márquez (2016); pela embaixadora do México no Brasil, Beatriz Paredes (2017); pela ex-presidente da Costa Rica, Laura Chinchilla (2018); pelo economista boliviano e atual ministro da Fazenda e Crédito Público da Colômbia, José Antonio Ocampo Gaviria (2020).

Reflexão crítica

O coordenador do Ciba e diretor do IRI, Pedro Bohomoletz de Abreu Dallari, abriu o evento fazendo uma apresentação sobre o trabalho da Cátedra e um retrospecto de todos os catedráticos que por ela passaram. “Este é o momento em que o catedrático ou catedrática encerra seu período. Costumamos dizer que não há ex-catedrático, mas antigo catedrático, porque permanece vinculado à USP e, atualmente, com vínculo formal como professor colaborador da Universidade”, explicou Dallari.

Em seguida, foi realizada a saudação ao catedrático por dois integrantes do grupo de pesquisa por ele coordenado, Ana Paula Castelhano e Antonio Cavalcante.

“Quando fui convidado para assumir a Cátedra, era, de certa forma, imperativo que o bicentenário da Independência fosse escolhido como tema de reflexão crítica. Em primeiro lugar, porque José Bonifácio é o patrono da Cátedra e da Independência. A atuação que tivemos da Cátedra este ano foi a primeira em que José Bonifácio participa diretamente, porque ele foi um homem que pensou projetos para o Brasil. Propus que partíssemos de duas perguntas fundamentais: o que foi feito em 200 anos e o que faltou fazer”, explicou Ricupero em sua palestra.

“O que nos reservam os próximos 100 anos, o próximo centenário do Brasil? Foi em torno disso que se organizou essa reflexão crítica. Não podíamos abarcar todo o universo de temas. Mas selecionamos alguns temas fundamentais inter-relacionados com os demais que permitiriam uma ideia aproximada da natureza dos desafios que temos pela frente. Partimos do tema da desigualdade, ligado à construção da democracia”, afirmou.

O reitor da USP, Carlos Gilberto Carlotti Junior, enfatizou a importância da Cátedra para “trazer uma visão externa para a Universidade, uma grande personalidade que nos obriga a repensar nosso ensino, nossa pesquisa, a formação de recursos humanos. É fundamental que essas visões venham para a USP. Essas personalidades também estimulam os alunos a pensarem e revisitarem os temas”.

Ao final do evento, foi promovida uma sessão de autógrafos do livro Balanço e Desafios no Bicentenário da Independência, que está disponível no Portal Livros Abertos da Edusp para download.

Também participaram da cerimônia a vice-reitora da USP, Maria Arminda do Nascimento Arruda; o ex-reitor da USP, Vahan Agopyan; e o superintendente do Santander, Raphael Correa.

Assista, a seguir, à íntegra da cerimônia.


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