Final feminina do US Open mostra a importância dos imigrantes 

É o que afirma o colunista Pedro Dallari, ao se referir à britânica Emma Raducanu, filha de pai romeno e mãe chinesa, e da canadense Leylah Fernandez, filha de equatoriano e filipina

 15/09/2021 - Publicado há 3 anos
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A final feminina do US Open de tênis foi disputada no último fim de semana, entre a britânica Emma Raducanu e a canadense Leylah Fernandez. Emma foi a campeã, sem perder um set sequer. Mas o professor Pedro Dallari viu que havia muito mais coisas em jogo do que a partida de Grand Slam disputada na quadra americana e a premiação para a vencedora. É o que ele comenta em sua coluna desta semana. “Foi uma bela partida, bem disputada. E chamou a atenção, primeiro, a juventude das jogadoras. A britânica tem 18 anos e a canadense, 19. Mas há um aspecto ainda mais relevante nesse jogo, que foi devidamente informado na cobertura da imprensa, mas sem que se desse, a meu ver, a necessária importância. Trata-se da circunstância das duas jogadoras serem de famílias de imigrantes, fruto de processos de imigração. É um fenômeno que, de modo perverso, tem sido considerado negativo por muitos setores da sociedade no mundo”, afirma o colunista. “A vencedora, a britânica Emma Raducanu, nasceu em Toronto, no Canadá, filha de pai romeno, daí o sobrenome bem característico da língua romena. Já sua mãe é chinesa. Com dois anos, Emma se mudou com a família para o Reino Unido, e sua nacionalidade britânica é por essa razão”, contextualiza Dallari. “Sua adversária, Leylah Fernandez, também nasceu no Canadá, em Montreal, filha de pai equatoriano – daí seu sobrenome hispânico. Sua mãe é de ascendência filipina. E Leylah tem a nacionalidade canadense”, explica o professor.

Segundo o colunista, a história de vida das duas jogadoras mostra que, além de ser um fenômeno natural, as imigrações podem ser muito positivas para as sociedades que acolhem os imigrantes. “Essas sociedades dão oportunidades aos imigrantes de buscar uma vida significativa e de muitas realizações, como demonstram essas duas jovens jogadoras”, afirma Dallari. “E não é por acaso que a história das duas jogadoras tem o Canadá como local de acolhida. Há alguns anos, em um curso que realizei no Instituto de Relações Internacionais (IRI) da USP, junto com o ex-reitor da USP, Jacques Marcovitch, nosso convidado foi o cônsul do Canadá em São Paulo, que explicou a política de acolhimento de imigrantes naquele país da América do Norte. Ele contou que, no Canadá, o acolhimento não é só assumido pelo Estado, mas também pela sociedade, que se engaja na promoção de um valor muito importante dos direitos humanos, que é justamente o acolhimento de indivíduos em situação de dificuldade ou que buscam novas oportunidades”, relata o colunista. “Como explicou o cônsul, a sociedade canadense, ao dar guarida aos imigrantes que procuram aquele país, extrai grandes benefícios da diversidade que essa situação promove. É uma história que merece nossa reflexão”, conclui o professor.


Globalização e Cidadania
A coluna Globalização e Cidadania, com o professor Pedro Dallari, vai ao ar quinzenalmente, quarta-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP,  Jornal da USP e TV USP.

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