Setor de eventos já está com o foco em 2021

Entre os eventos cancelados em Ribeirão Preto está a Feira do Livro; Empresários amargam prejuízos mas, resilientes, estão otimistas para as próximas edições

 13/10/2020 - Publicado há 4 anos
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Um dos setores mais prejudicados pela pandemia do novo coronavírus, o de eventos foi o primeiro a suspender as atividades, devido a aglomeração de pessoas, e também deve ser o último a retornar ao normal. Segundo avalia a Associação Brasileira de Empresas de Eventos (Abeoc), o estrago deve ser grande, pois o setor impacta mais de 50 áreas da economia e movimenta, anualmente, cerca de R$930 bilhões, perto de 13% do PIB brasileiro, além de gerar em torno de 25 milhões de empregos diretos e indiretos. A ausência de eventos gerou um prejuízo na casa dos R$200 bilhões à economia brasileira. 

Com as medidas de isolamento social, os empresários tiveram que decidir entre adiar ou cancelar os eventos programados para este ano; fato que, de qualquer forma, fez acumular prejuízo. É que, “na maioria das vezes, esses eventos acontecem uma vez ao ano, então, é necessário um planejamento e investimento prévios”, conta o professor Luciano Nakabashi, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEARP) da USP. 

Entre os gastos iniciais, citados pelo professor, estão o aluguel do local, contratação de pessoal, materiais e equipamentos. Por isso, lembra Nakabashi, quando se adia um evento, é preciso replanejar, porque o empresário deixará de contar com “uma receita que também fazia parte do planejamento para cobrir os custos iniciais”. 

Diante de um cenário com tantas incertezas, muitos acreditam que adiar um evento, para outra data ainda este ano, seja escolha melhor que cancelar a edição. No caso do João Rock, um dos principais eventos de música do Brasil que, desde 2002, atrai anualmente milhares de pessoas à Ribeirão Preto, a solução foi deixar o evento para o ano que vem. 

“Nós estamos passando pelo adiamento de uma história que foi planejada para ser vivida”, resume Luit Marques, fundador e organizador do evento. “Quando a gente lança o festival, tem toda uma programação e aí veio uma pandemia e nos impediu de realizar isso”, lamenta o empresário. Mesmo assim, Marques não comenta prejuízos e diz que prefere usar o adiamento do festival como forma de motivação. Acredita que o viés pessimista deve ser deixado de lado para poder pensar hoje em 2021, mas com base na função dos grandes eventos musicais  que leva “alegria, para viver experiências que só grandes festivais podem proporcionar”. 

Além do festival de música, Ribeirão Preto conta com a Feira do Livro e a Agrishow, que atraem milhares de visitantes a cada edição, e também não acontecerão este ano. O adiamento desses eventos, no entanto, não deve interferir de maneira significativa na economia do município. Segundo avalia o professor Nakabashi, mesmo sendo importantes, não são esses eventos que fazem a economia da cidade girar. O impacto pode ser sentido no setor hoteleiro, mas com “efeito econômico pequeno, se pegar a cidade como um todo. Mas no turismo, e para as pessoas que estão ligadas aos eventos, o impacto é forte.” 

Ouça no player acima entrevista na íntegra do professor Luciano Nakabashi e Luit Marques ao Jornal da USP no Ar, Edição Regional.


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