Anas Obeid era jornalista na Síria, mas a guerra o obrigou a se mudar para o Líbano, onde trabalhou por dois anos e meio em um campo de refugiados junto à ONU. Em 2015, o Brasil o aceitou como refugiado. Começou trabalhando em um restaurante árabe e, notando que os brasileiros tinham muito interesse por essa cultura, passou a fabricar e vender perfumes e objetos artesanais. “Gosto de ter esse contato com as pessoas, é importante para elas entenderem como é a realidade dos refugiados”, conta.
É a segunda vez que Anas participa da Feira dos Refugiados, organizada pela entidade estudantil FEA Social, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP, em São Paulo. Para ele, a iniciativa é importante para mostrar quem são as pessoas que foram forçadas a deixarem seus países e como é possível sua integração a uma nova sociedade. “Precisamos de um caminho e abertura para conseguirmos andar sozinhos”, explica.
A feira será realizada no dia 6 de junho, das 11 às 17 horas, no espaço de vivência dos alunos da FEA, no campus Cidade Universitária. O objetivo é dar voz aos refugiados e quebrar estereótipos. As atividades contemplam venda de comidas típicas e artesanato, rodas de conversas, workshops e apresentações.
“São pessoas como nós, mas estão longe de suas casas por uma situação que foge do controle delas”, afirma Camilla Martins, assessora de eventos da FEA Social.
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Atividades e valores
Em sua terceira edição, a Feira dos Refugiados trará suas atividades costumeiras. Para comer, pratos típicos árabes, africanos, venezuelanos, entre outros. Nas rodas de conversa, refugiados vão compartilhar suas histórias de vida e experiências no Brasil. A feira também promoverá um workshop de caligrafia árabe, outro de confecção de bonecas africanas e uma apresentação de dança africana.
“É um momento de as pessoas terem contato com as diversas culturas e histórias que os refugiados trazem ao evento. Muitos saem com outra visão de mundo”, ressalta Camilla.
O evento também receberá representantes de ONGs, como Missão Paz e Abraço Cultural, para falar sobre a situação dos refugiados no mundo e mostrar como os brasileiros podem ter papel ativo no acolhimento dessas pessoas, desde doações a trabalho voluntário.
O Instituto de Reintegração do Refugiado, mais conhecido como Adus, vai participar. A ONG, da qual Anas é coordenador, promove aulas de idiomas, workshops de culinária, cursos de qualificação profissional, apoio psicológico e ações culturais.
A Adus ajudou a recrutar refugiados para participarem do evento, trazendo representantes de países como Senegal, Síria, Haiti, Angola, Guiana Inglesa e Venezuela. Isso acontece para diversificar as participações na feira, oferecendo aos refugiados a oportunidade de participar e aos brasileiros o contato com realidades diferentes. “Eu não sou refugiado. Eu estou refugiado. Sou um ser humano, jornalista, tenho cultura e família. Esses eventos ajudam a mostrar essa situação às pessoas”, diz Anas.
Feira dos Refugiados 2019
Data: 6 de junho
Horário: das 11 às 17 horas
Local: Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP
Endereço: Av. Prof. Luciano Gualberto, 908, Cidade Universitária – São Paulo-SP
Entrada gratuita
Mais informações: https://www.facebook.com/events/1465354306939893