Campus de Ribeirão se destaca na edição 2020 do Prêmio Capes de Teses

Trabalhos da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto levam primeiro lugar em Ciências Biológicas e menção honrosa, já as Faculdades de Odontologia e de Filosofia, Ciências e Letras ficam com uma menção honrosa cada

 04/12/2020 - Publicado há 4 anos
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O campus de Ribeirão Preto tem tradição no Prêmio Capes de Teses, e na edição de 2020 não foi diferente. Foi um prêmio na área de Ciências Biológicas III para a Faculdade de Medicina (FMRP) e três menções honrosas, uma para a FMRP, outra para a Faculdade de Odontologia (Forp) e uma para a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FFCLRP). 

O premiado da FMRP foi o aluno Renan Villanova Homem de Carvalho com a tese O papel do vírus de RNA de Leishmania na modulação da resposta imune inata,  orientado pelo professor Dario Simões Zamboni. 

Causada por protozoário do gênero Leishmania, a leishmaniose se manifesta de três formas diferentes: cutânea, mucocutânea e visceral. Assim, Carvalho buscou entender por que, em alguns casos, a doença cutânea evolui para o quadro mucocutâneo, mais agressivo, caracterizado por lesões desfigurantes nas mucosas nasais e bucais. E um importante fator de risco para isso, informa o pesquisador, é o fato de algumas espécies do protozoário carregarem um vírus de RNA, o Leishmania RNA vírus, no inglês LRV.

Por meio de estudo com camundongos e humanos, os pesquisadores descobriram que o LRV é capaz de se ligar a diversas moléculas dentro do macrófago, principal célula onde a Leishmania reside, e assim impedir a ativação do receptor NLRP3, uma das principais armas utilizadas pelos macrófagos para destruir a Leishmania.

“Desta forma, o vírus dispara um mecanismo que ‘dribla’ a ativação de um componente-chave na eliminação da Leishmania, favorecendo o crescimento do parasito e o estabelecimento da doença”, demonstrando que “este mecanismo de evasão à resposta imune é chave para a transição da forma cutânea para a forma mucocutânea”, o que aumenta cerca de três vezes a chance do desenvolvimento da doença em sua forma mais agressiva.

Por isso, o estudo chama a atenção para a criação de novos tratamentos para a doença, bem como para o seu diagnóstico. “A presença do LRV nos pacientes deve ser avaliada assim que o diagnóstico de leishmaniose for realizado, a fim de se diferenciar o manejo clínico daqueles infectados com Leishmania LRV+”, afirma Carvalho.

Menções honrosas 

Na Forp, Rodrigo Paolo Flores Abuná recebeu menção honrosa pela tese Participação das Vias de Sinalização Wnt no Potencial Osteogênico de Superfície de Titânio com Nanotopografia, no programa de pós-graduação em Biologia Oral, com orientação do professor Márcio Mateus Beloti.

“Desde que os implantes surgiram, eles vêm sofrendo alterações para proporcionar melhor desempenho, reduzindo o período de osseointegração e consequente abreviamento da reabilitação”, explica Abuná. Por isso, o estudo buscou descobrir quais mecanismos permitem melhor resposta biológica das células sobre superfícies com nanotopografia, já que a osseointegração é capaz de melhorar quando o titânio tem modificações em sua superfície, como a criação de rugosidades em escala nanométrica.

O trabalho contou com procura de “componentes intensamente modulados pelo titânio com nanotopografia” presentes na via de sinalização WNT, já que essa via regula diversos aspectos do desenvolvimento, desde a diferenciação, passando pela função celular, até o controle da homeostase de diferentes tecidos, incluindo o tecido ósseo. E o resultado, conta Abuná, mostrou que “as modificações na superfície dos implantes de titânio tornam o processo de cicatrização mais rápido” e diminui o tempo de duração do tratamento. A “geração de topografia na escala nanométrica”, que promove o crescimento ósseo “diretamente em contato com a superfície do implante”, é uma dessas modificações.

Varicocele e fertilidade masculina

Outra menção honrosa foi para Viviane Paiva Santana, da FMRP, com a tese Metilação do DNA e transcriptoma de espermatozoides em homens com varicocele, com orientação das professoras Rosana Maria dos Reis e Cristiana Libardi Miranda Furtado, ambas do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia. O objetivo do estudo foi avaliar se a varicocele altera o funcionamento de genes nos espermatozoides, e se esse é um dos mecanismos que geram a diminuição da capacidade reprodutiva nos portadores da doença, já que é a maior causa tratável de infertilidade masculina, atingindo 20% dessa população, informa Viviane.

Os resultados, inéditos, confirmaram que a varicocele tem relação com “alterações na função de genes importantes para a formação e capacitação dos espermatozoides”, possibilitando, assim, novas perspectivas para o entendimento da doença. E a pesquisadora se mantém otimista: “No futuro, juntamente com outros estudos, nossos achados poderão ser usados para melhorias no diagnóstico e tratamento da infertilidade masculina causada pela varicocele.”

E o campus teve ainda uma terceira menção honrosa, na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, com o trabalho Nanopartículas de Magnetita dopadas com zinco para fins teranósticos: Magnetoacustografia e Hipertermia Magnética, de Yaser Hadadian, do programa Física Médica Aplicada à Medicina e Biologia, com orientação do professor Theo Zeferino Pavan e co-orientação da professora Ana Paula Ramos.  

Leia mais sobre os trabalhos da USP premiados aqui.


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