O Fapesp-Shell Research Centre for Gas Innovation (RCGI), sediado na Escola Politécnica (Poli) da USP, está buscando montadoras que se interessem por um dos projetos de sua carteira: a transformação de um carro híbrido em um veículo híbrido/flex. O objetivo é adaptá-lo para que utilize, como combustível, a gasolina pura (E0); a gasolina brasileira (E27, que tem 27% de etanol anidro); o etanol hidratado (E100); o gás natural comprimido (GNC) e biometano (biogás purificado, do qual se remove dióxido de carbono e outros gases).
“Estamos procurando um fabricante de veículos que se interesse por esse projeto, no qual já temos como parceiro o Instituto Mauá de Tecnologia. Estamos tratando com dois fabricantes, inicialmente, em negociação para poder transformar o veículo. Primeiro, iremos cuidar da função flex, modificando-a para que utilize etanol e gasolina em qualquer proporção. A seguir, passaremos a adaptá-la para gás natural e biometano”, explica o diretor científico do RCGI, Julio Meneghini.
Segundo ele, este será o primeiro carro híbrido/flex fuel do mundo. O veículo híbrido é aquele que tem mais de um motor, sendo cada um deles movido a um tipo de energia diferente, como combustível e eletricidade, por exemplo. Já o flex possui um único motor, que recebe gasolina, álcool ou gás. “Acreditamos que o futuro, ao menos a médio prazo no Brasil, é o carro híbrido ser flex. Principalmente usando gasolina e etanol e, eventualmente, gás natural e biometano”, afirma o especialista.
Para Meneghini, o maior desafio, além das adaptações, é chegar a uma eficiência acima de um carro flex convencional no que tange a consumo e emissões de poluentes. “Por ele ter uma tecnologia híbrida, acredita-se que teremos um carro flex que será mais econômico, tanto do ponto de vista de consumo de combustível quanto de emissões de gases causadores de efeito estufa. E falo tanto das emissões de dióxido de carbono originário de combustíveis fósseis quanto do CO2 originário de fontes renováveis, como o etanol”, explica.
Eventualmente, para o diretor, as transformações irão implicar na utilização de bicos ejetores com pré-aquecimento, por conta do uso de etanol. “Outras modificações serão necessárias para que o veículo rode com GNC ou biometano, mas trata-se de alterações factíveis, comprovadamente viáveis. Acreditamos que o desenvolvimento de tal tecnologia seja importante para que o mercado de carros híbridos se fortaleça no Brasil.”
O projeto, intitulado Development of an hybrid penta-fuel flex vehicle, faz parte da carteira de 29 projetos de pesquisa do RCGI, cuja missão é desenvolver pesquisa e inovação para o uso sustentável de gás natural, biogás e hidrogênio, além de transporte e armazenamento de CO2 em escala global.
Da Acadêmica Agência de Comunicação
Mais informações: site http://www.rcgi.poli.usp.br/pt-br/