O termo “tempestade perfeita” é utilizado por analistas para identificar crises que se sucedem, que se entrelaçam e, embora tenham dimensões diferentes, produzem efeitos extremamente negativos sobre a governabilidade e sobre a forma como a sociedade enfrenta uma situação dramática como esta do coronavírus.
Outros fatores contribuem para a paralisia do governo, afetando sua governabilidade. Como exemplo, a prisão de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro, que foi encontrado em uma casa em Atibaia, de uma pessoa que se apresenta como advogado da família Bolsonaro. Não há uma explicação clara sobre o que ele estava fazendo ali. A demissão do ministro da Educação, Abraham Weintraub, que criou vários problemas para o governo, e, de repente, viajou para fora do País sem dar maiores explicações, inclusive, dos processos em que está envolvido no Supremo Tribunal Federal, também contribuiu para essa situação. Esse conjunto de fatos sugere um quadro de ingovernabilidade do País e o mecanismo mais fácil para enfrentar essa situação é o impeachment. A Câmara dos Deputados tem, até o momento, 48 pedidos de impeachment para sua avaliação.
Segundo o professor José Álvaro Moisés, “a pergunta que cabe, do ponto de vista da democracia, é se o impeachment é o único mecanismo que temos para enfrentar crises como esta, que vêm ocorrendo no País, sucessivamente, durante décadas? Tivemos dois impeachments em menos de 30 anos”.
Qualidade da Democracia
A coluna A Qualidade da Democracia, com o professor José Álvaro Moisés, vai ao ar quinzenalmente, quarta-feira às 8h30, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9 ) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
.