Reflorestamento em São Paulo será um dos projetos da nova Cátedra da USP

A Cátedra Clima e Sustentabilidade do Instituto de Estudos Avançados da USP atuará com temas como impactos sociais, econômicos, ambientais e culturais da crise climática

 27/01/2025 - Publicado há 1 mês
Foto montagem de um globo, representando o planeta terra, parcialmente submerso em água e envolto em chamas para representar as mudanças climáticas
O cenário atual é altamente preocupante e, mais do que nunca, a reflexão para soluções é urgente – Foto: Gerd Altmann / Pixabay
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Em meio a um cenário mundial profundamente marcado pela mudança climática e pela aproximação da 30º Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP 30), a ser sediada em Belém (PA) em novembro de 2025, a discussão sobre meio ambiente e a continuidade de sua sobrevivência frente às mudanças do clima tornam-se profundamente importantes. E, em meio a essa urgência, a Universidade de São Paulo iniciará a oitava cátedra do Instituto de Estudos Avançados (IEA), Clima e Sustentabilidade, que atuará com temas como impactos sociais, econômicos, ambientais e culturais da crise climática.

O climatologista Carlos Nobre, titular da Cátedra e climatologista mundialmente reconhecido, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) por mais de 30 anos, ressalta a importância da existência da nova cátedra. “É excelente que a USP tenha criado essa cátedra, porque nós estamos globalmente caminhando para um risco enorme de insustentabilidade, inclusive no Brasil. Então irá, sem dúvida, trazer informações e também vai trazer muitas sugestões de buscar soluções, que chamamos de soluções baseadas na natureza.”

Para o climatologista, o cenário atual é altamente preocupante e, mais do que nunca, a reflexão para soluções é urgente. “A ciência já identificou mais de 25 pontos de não retorno e muitos deles são atingidos quando a temperatura global atinge 1,5 a 2 graus, que é ao que estamos arriscados. Tivemos 2024 como a primeira vez na história recente da humanidade que atingimos 1,5 grau mais quente”, explica Nobre. E, segundo ele, esse cenário explica os fenômenos climáticos extremos que cidades como São Paulo vêm experienciando nos últimos anos, como chuvas intensas e ondas de calor exacerbadas.

Homem branco, já idoso, cabelo e bigode brancos, sorrindo para a câmera.
Carlos Nobre – Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Além disso, outros fenômenos podem ser vistos como sinais de emergência ambiental, por exemplo, a contínua degradação dos biomas brasileiros. Segundo o climatologista, o ponto de não retorno aproxima-se da Amazônia, onde o desmatamento quase alcança 20% do território e o processo de branqueamento de corais, problema ressaltado por ele que tem afligido os litorais nordestinos.

Estudos iniciais

Dessa forma, o cientista afirma que a Cátedra iniciará suas atividades com dois importantes estudos. O primeiro avaliará os eventos extremos que vêm acontecendo na cidade de São Paulo e como propriamente combatê-los. “São Paulo está batendo os recordes desses eventos extremos e isso, lógico, tem a ver com o aquecimento global, mas também tem a ver com a falta de vegetação. O primeiro estudo que nós vamos iniciar é o que a gente chama de Esponja Verde Urbana.”

De acordo com ele, “esponja” refere-se ao reflorestamento de grande parte da região metropolitana de São Paulo. “Com isso, você reduz muito a temperatura e a poluição do ar. Além de que aquela área reflorestada, quando tem chuva muito forte, o solo absorverá a água, diminuindo demais as enxurradas, alagamentos, inundações”, detalha.

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Já o segundo estudo abordará a questão da educação ambiental, pois, segundo o professor, o desastre ambiental ocorrido no Rio Grande do Sul em 2024, quando chuvas intensas ceifaram a vida de 183 pessoas, além de causar destruição pela cidade, ressalta a ausência de cursos e ensinamentos do ensino escolar brasileiro sobre a preparação para desastres climáticos.

“Vamos usar, logicamente, todo o potencial gigantesco que a USP tem, também buscar parcerias com várias outras universidades no Brasil, e, no intervalo de dois a três anos, produzir cursos para todos os setores do Brasil sobre como os fenômenos climáticos são diferentes, do Sul do Brasil para a Amazônia, para o Nordeste, então serão cursos adaptados para as várias regiões do Brasil e para capacitar”, detalha Nobre.


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