O significado dos ruídos políticos presentes na mídia de forma sistemática, como, por exemplo, sobre o Programa Renda Brasil que virou Renda Cidadã, é o tema da coluna do Reflexão Econômica desta semana, com o professor Luciano Nakabashi. Segundo o colunista, de forma geral, esse cenário de o Ministério da Economia não ser capaz de conduzir as reformas econômicas remonta a todo o histórico do próprio presidente da República e do processo eleitoral. O professor lembra que, em 2018, o então candidato Jair Bolsonaro fez contraponto aos partidos de esquerda e lançou uma agenda liberal em termos de costumes, centrada nas tradições das igrejas evangélicas. E, ainda, chamou para o comando do Ministério da Economia (Paulo Guedes), uma pessoa com sólida formação econômica numa das melhores escolas do mundo, com histórico principalmente no setor privado e que, de fato, acredita numa agenda mais liberal, pautada por reformas que dariam mais agilidade ao governo.
“Mas até hoje essa equipe econômica só conseguiu a reforma da Previdência, que foi importante, mas não como muitos esperavam.” O professor enfatiza que essas reformas já poderiam ter sido feitas no governo anterior, que ficou enfraquecido com as delações do empresário Joesley Batista. “Depois de dois anos, nem este governo conseguiu tocar essa agenda, o que mostra a fragilidade da equipe econômica, muito em função das posturas do próprio presidente, que não tem suas convicções em relação a essas reformas.”
Nakabashi lembra, ainda, que esse cenário é muito ruim para o País, pois a equipe econômica tem clareza do que é preciso ser feito, mas não tem conseguido. “É fundamental um presidente que abrace uma agenda, qualquer que seja ela.” O professor cita que o mesmo aconteceu na gestão da presidente Dilma Rousseff, quando colocou Joaquim Levy no Ministério da Fazenda e não deu o suporte para as mudanças necessárias. O ministro acabou ficando cada vez mais isolado e o mesmo está acontecendo no governo atual.
O colunista diz que a equipe econômica atual tem pessoas muito competentes, mas não consegue tocar a agenda econômica, que é extremamente relevante para controlar os gastos em relação ao PIB, para dar mais agilidade à economia brasileira, aumentando a produtividade para se ter um crescimento sustentável. “O presidente precisa apoiar a equipe econômica, fazer a parte política para as reformas avançarem, mas, ao invés disso, apoia cada vez menos. No caso de uma troca de ministros, tem muita gente competente, mas significa que, de fato, o presidente não está querendo ir nessa direção e temos vivido isso em vários momentos da economia brasileira, deixado para traz reformas importantes, mas impopulares, e o Brasil ficando cada vez mais para trás.”
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Reflexão Econômica
A coluna Reflexão Econômica, com o professor Luciano Nakabashi, vai ao ar quinzenalmente, quarta-feira às 9h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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