Parque Ibirapuera, local de convívio de classes sociais as mais distintas

Guilherme Wisnik considera o Ibirapuera um símbolo da modernização da cidade de São Paulo, que aos poucos assumia o protagonismo antes pertencente ao Rio de Janeiro

 19/09/2024 - Publicado há 2 meses

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O Parque Ibirapuera, grande equipamento de lazer da cidade de São Paulo, recém completou seus 70 anos de existência e é celebrado nesta coluna do professor Guilherme Wisnik, uma vez que, além de proporcionar lazer para a população paulista e paulistana, também é um importante espaço cultural, sediando significativos edifícios museológicos como o Pavilhão da Bienal, a Oca, o MAM. “Esses 70 anos são o arco de tempo que vai dos festejos do Quarto Centenário de São Paulo até hoje, vamos lembrar que, em 1954, foi essa grande comemoração, era um momento de modernização da cidade […] era um grande giro de São Paulo em direção ao cosmopolitismo em que, de certa forma, o desenvolvimento que tinha vindo com o café e o trem e agora alimentava a indústria, esse dinheiro passava da indústria para a cultura e fomentava uma situação em que São Paulo ganharia o protagonismo, pouco a pouco, sobre o Rio de Janeiro, que até então ainda era a capital do Brasil e era a fonte da cultura oficial moderna que emanava para fora como uma imagem de Brasil, e o Parque Ibirapuera cristalizou essa imagem nova de São Paulo através do projeto de um grande arquiteto carioca, que é o Oscar Niemeyer. Então, naquele momento, Niemeyer estava fazendo suas primeiras e importantes obras em São Paulo”, diz Wisnik.

Dentro do Parque Ibirapuera, um local muito valorizado pelo público que o frequenta e que o utiliza como ponto de encontro é a marquise. “Essa marquise é um grande achado do projeto […] o Niemeyer arriscou vários desenhos até chegar nesse que ficou e é uma grande área de sombra, de proteção contra a chuva, e que cobre esse lugar essencialmente democrático, porque ele é aberto dentro do parque e ali se reúnem skatistas, se reúnem crianças que estão aprendendo a andar de bicicleta, gente do street dance que leva o seu som e começa a fazer coreografias. Então ele é realmente o símbolo de um espaço muito democrático de uso em liberdade, de convívio de classes sociais as mais distintas. O que é muito importante numa cidade tão segregada como São Paulo, num país onde os espaços públicos são progressivamente privatizados, onde o automóvel foi privilegiado sobre o pedestre. Esse equipamento de grande porte, o Parque Ibirapuera, ele é até hoje um respiro, um pulmão verde e, ao mesmo tempo, uma chama de ar, de liberdade em relação ao que foi o projeto moderno brasileiro e como em 70 anos essa vida se assentou ao longo do tempo.”


Espaço em Obra
A coluna Espaço em Obra, com o professor Guilherme Wisnik, vai ao ar  quinzenalmente quinta-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP,  Jornal da USP e TV USP.

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