No clássico de Miguel de Cervantes, Dom Quixote tem sua biblioteca destruída pelas mãos de seus rivais, que viam os livros como causa de sua doença, de sua loucura. Mas o livro, na verdade, cumpre um papel diametralmente oposto na vida das pessoas. Principalmente na vida dos mais jovens. E é sobre isso que a professora Marisa Midori fala em sua coluna desta semana. “Outro dia eu estava em uma livraria e fiquei realmente encantada com o comportamento de um grupo de jovens que entrou logo depois de mim: e o que estas meninas olhavam? Livros de ficção ambientados em livrarias e bibliotecas… as capas eram ilustradas, com uma predominância de desenhos feitos no computador, cores aconchegantes… enfim, tudo caminhava para o descanso e o conforto”, relembra a colunista. “Isso me fez perguntar o seguinte: estamos diante de um movimento de reinvenção e de reapropriação do livro impresso pela chamada Geração Z?”, afirma ela, citando a recente Bienal do Livro de São Paulo e a Festa do Livro da USP, que está prestes a começar.
De acordo, com Marisa Midori, todos esses eventos parecem confirmar aquilo que Chantal Retivo-Alessi, CEO da HarperCollins Publisher, disse em uma entrevista concedida ao jornal Valor Econômico há pouco mais de um mês. “Há um ressurgimento da leitura de livros, especialmente em formato físico”, comenta a colunista, referindo-se à entrevista. “Para o CEO da HarperCollins Publisher, ‘as pessoas estão cansadas das telas digitais’. De acordo com uma pesquisa realizada na Universidade de Sussex, na Inglaterra, ler tem o poder de reduzir o estresse, a ansiedade, melhorar o sono, aumentar a sensação de bem-estar e trabalhar a criatividade”, afirma a professora, indo além e aludindo o caráter terapêutico do livro, no que se pode chamar de “biblioterapia”. “Livros impressos se apresentam hoje como uma rota de fuga do excesso de tela, de informação, de imagens, enfim, o excesso de tudo. O livro tem capacidade de cura”, finaliza a colunista.
Bibliomania
A coluna Bibliomania, com a professora Marisa Midori, vai ao ar quinzenalmente, sexta-feira às 9h00, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9 ) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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