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Se o cenário anda um tanto nebuloso para os livros no Brasil, conforme pesquisa realizada pela Nielsen Book Data, que constatou queda nas vendas editoriais, o que não dizer especificamente do livro científico, aqueles englobados pela sigla CTP, ou seja, científicos, técnicos e profissionais, sob a qual estão abrigados os livros acadêmicos? A queda desse subsetor do mercado livreiro, diz a pesquisa, foi ainda mais significativa, com variação negativa de 5,9%. “Quer dizer que menos títulos são produzidos, menos livros são vendidos, logo o faturamento é menor”, lamenta a professora Marisa Midori. Os canais de venda desse segmento também sofreram mudança – no caso do CTP, registrou-se um aumento expressivo das vendas diretas das editoras, ou seja, de sites próprios. Em 2022, essas vendas representavam 13,2%, hoje representam 16,9%, o que sinaliza que o público tende a comprar diretamente das editoras.

Diante disso, até que ponto, indaga Marisa Midori, os livreiros continuarão tendo interesse em divulgar as obras de CTP? Mas isso também pode ter a ver com o número de artigos acadêmicos publicados. Diz a colunista: “Eu me lembro que, antes da pandemia, a Edusp, Editora da Universidade de São Paulo, fez uma pesquisa dentro da comunidade uspiana sobre a preferência por leitura digital, e a maioria dos leitores dizia preferir os livros impressos, mas é claro que, quando falamos em produção científica, parece que essa preferência pelos artigos científicos e essa migração dos livros impressos talvez para os artigos tenha uma relação muito forte com o ranqueamento da produção. E aí, nesse caso de ranqueamento, os livros vão definitivamente perder a batalha, se não houver uma mudança, uma percepção de que cada ramo da ciência tem também as suas formas de leitura e de registro das pesquisas”.

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