Na visão do cientista político e professor José Álvaro Moisés, o novo governo enfrenta pelo menos três grandes desafios, cuja solução afeta não só o apoio dos cidadãos ao presidente eleito e sua equipe como também a própria continuidade do apoio da sociedade ao regime democrático no País. São eles a ampliação e consolidação das políticas de transferência de renda, cujas condições deverão estar asseguradas no orçamento de 2023, embutidas na chamada PEC da Transição; a pacificação do País, dadas as manifestações ainda existentes em torno da insatisfação dos bolsonaristas com o resultado das eleições; e, por último, as orientações a serem adotadas por Luz Inácio Lula da Silva na área da segurança e das relações com as Forças Armadas.
“No caso da PEC da Transição, embora ainda não exista um projeto concreto a respeito, os negociadores do governo estão enfrentando resistências dos setores parlamentares aliados a Jair Bolsonaro, sob o argumento de que a alternativa para assegurar os recursos necessários para a política de transferência de renda não deveriam ir além de 2023”. O governo, por sua vez, insiste na decisão de aplicar essa política nos quatro anos de mandato, o que é visto como um comprometimento ao teto de gastos e levanta indagações em relação à responsabilidade fiscal do novo governo. As reações do mercado já se fizeram sentir na pressão existente para que o presidente eleito indique, o quanto antes, o nome de quem vai ocupar o Ministério da Economia.
Na sequência de sua análise, Álvaro Moisés aborda os outros dois desafios apontados por ele: a pacificação do País e as relações do novo governo com as Forças Armadas.
Qualidade da Democracia
A coluna A Qualidade da Democracia, com o professor José Álvaro Moisés, vai ao ar quinzenalmente, quarta-feira às 8h30, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9 ) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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