
O Ministério da Saúde pretende lançar, em 2024, um edital para ampliar os núcleos de telessaúde no Sistema Único de Saúde (SUS). Haverá um esforço para reativar a rede no País, tanto para garantia de acesso quanto para a gestão da saúde. Os núcleos voltados para atendimento e pesquisa começaram a ser instalados em 2004 em vários pontos do País, totalizando 61 núcleos. Hoje, devido a reduções de financiamento, estão funcionando entre dez e 15 núcleos em todo o País.
“Os núcleos de telessaúde são muito importantes, eles juntam o conhecimento acadêmico com a relação entre o que a gente chama de atenção primária e os especialistas”, comenta Marília Louvison, professora do Departamento de Política, Gestão e Saúde da Faculdade de Saúde Pública da USP. Além disso, “aproxima este especialista da atenção primária e junto com todo o apoio dos especialistas da universidade de poder fazer assessorias, dar uma segunda opinião para melhorar a qualidade do atendimento”.
Segundo Marília, os núcleos encurtam a distância e reduzem o deslocamento de pacientes. “Eu vou ter um especialista lá que pode conversar com você, pode fazer tudo que tem que fazer para você se preparar, por exemplo, para uma cirurgia e você poder ir já direto para a cirurgia, fazer um deslocamento só.” O investimento em telessaúde poderia também reduzir filas de espera, de acordo com a professora.
Falta de políticas

Os núcleos que existem atualmente sofrem com a falta de regulação. “Dos que ficaram, muitos continuam funcionando com dificuldade porque não têm uma política concreta de investimento e de articulação entre eles, mas têm muita expertise, têm muita experiência acumulada.” Durante a pandemia de covid-19, por exemplo, a telessaúde se mostrou eficiente e as experiências obtidas apontam que a iniciativa tem futuro. “Tinha lugares em que você conseguia equipamentos de respirador para uma UTI, mas tinha algum tipo de assessoria a distância de grandes centros para poder ajudar no manejo desses pacientes. E foi fundamental em alguns lugares.” Políticas como essa devem ser pensadas em parceria com as universidades, gestores do SUS, Secretarias municipais e estaduais. “Mapear as necessidades, mapear recursos para investir e aproximar quem já está fazendo são estratégias para implantação de uma política. E também ouvir as pessoas, do que a gente está precisando”, defende Marília.
Possibilidades
Uma vez que a política for colocada em prática, as possibilidades de atendimento e integração serão múltiplas e poderão atender às necessidades específicas. “Tem várias formas de fazer isso. Vamos fazer na sua casa, você vai até unidade básica e conversa com especialista que está lá no grande centro, você combina com um médico, com a equipe de saúde da família. Dá para fazer vários arranjos, se a gente tiver essa intermediação ativa”, considera a professora.
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