Na coluna desta semana, o professor Guilherme Wisnik comenta o filme Máquina do Desejo, dirigido por Lucas Weglinski e Joaquim Castro, que já está em cartaz nos cinemas. “O filme, feito com muita sensibilidade, conta a história do Zé Celso Martinez Corrêa e do Teatro Oficina. Ele mostra muito bem o quanto a personalidade única dele foi conduzindo uma história tão rica e tão tortuosa, porque trabalha com material de arquivo, que eles tiveram acesso desde a origem do Teatro Oficina, lá em 1958”, recomenda Wisnik.
O professor lembra que tudo começou com “um grupo amador que era de estudantes da Faculdade de Direito da USP do Largo São Francisco, que alugou um espaço na Rua Jaceguai, 520, no bairro do Bixiga, que era um teatro espírita”. O filme mostra as diferentes fases, desde o teatro Stanislavski, a entrada de Bertolt Brecht e as grandes montagens, até o incêndio, de 1966, que levou à reconstrução. Também mostra a escalada das grandes peças, com O Rei da Vela e Roda Viva.
Conta a história da compra do terreno pelo Estado para doar ao grupo, que conseguiu o dinheiro para a reforma, da reabertura do Oficina com o novo projeto da Lina Bo Bardi e Edson Elito. O filme também mostra como é o momento da chegada de uma influência muito forte do sertão brasileiro, dos nordestinos, que estavam vindo. “O Teatro Oficina da vanguarda contracultural do fim dos anos 1960, da plateia estudantil, vai se tornar o Oficina do Sertões, da profundidade do Brasil, o Oficina que cria o movimento Bixigão, a universidade antropófaga, e junto com os movimentos de moradia dos sem-teto do bairro do Bixiga”, explica Wisnik, recomendando o filme, que faz um mergulho profundo na cultura brasileira que marca o Teatro Oficina.
Espaço em Obra
A coluna Espaço em Obra, com o professor Guilherme Wisnik, vai ao ar quinzenalmente quinta-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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