Tecnologia das televisões 8K pode causar maior consumo de energia

De acordo com Marcelo Zuffo, as televisões 8K possuem quatro vezes mais resolução do que as 4K e cada pixel é um ponto de emissão de luz, o que aumenta o consumo de energia

 26/06/2023 - Publicado há 1 ano     Atualizado: 28/06/2023 as 13:13
Os fabricantes precisam desenvolver  televisões energeticamente eficientes   Foto: Wikimedia Commons
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Marcelo Zuffo – Marcos Santos / USP Imagens

Desde primeiro de março, a União Europeia proibiu a venda de televisões 8K. A medida está de acordo com a tentativa de reduzir os gastos energéticos agravados pela guerra entre Rússia e Ucrânia. A proibição foca no nível de consumo de energia dos aparelhos e afeta também outros tipos de televisores.

“Nos últimos anos, os europeus começaram a se preocupar com o micro-consumo: aquilo que consome pouco, mas você tem muito. Esse é o caso dos televisores, dos carregadores de celular, que ficam ligados por muito tempo na tomada, consumindo energia. Por isso, a preocupação dos legisladores da União Europeia com esse tipo de perfil de consumo energético, que pode impactar a humanidade”, explica o professor Marcelo Zuffo, do Departamento de Engenharia de Sistemas Eletrônicos da Escola Politécnica da USP e diretor do Centro de Inovação InovaUSP.

Maior consumo

As TVs 8K possuem quatro vezes mais resolução do que as 4K e cada pixel é um ponto de emissão de luz, o que aumenta o consumo de energia. O professor coloca que, embora ainda não exista muito conteúdo com essa qualidade, esse é o modo de produção das empresas: “As TVs finas são basicamente vidros serigrafados com processo fotográfico. Para os fabricantes e para o consumidor, não faz sentido mudar a tecnologia de fabricação, é muito caro. Normalmente, a gente fabrica um passo a mais do que nós temos, então, hoje não temos muito conteúdo 8K, por exemplo. Por causa disso, quando os fabricantes começam a fazer um modelo, eles produzem apenas aquele modelo e o que acaba acontecendo é que os primeiros modelos, geralmente, consomem muita energia”.

Além disso, para competir com outros fornecedores, novos produtos precisam ser produzidos constantemente e isso gera um descuido com o consumo energético dos aparelhos: “Na indústria, o setor de eletrônica de consumo é extremamente competitivo. As empresas fazem o impossível para entregar produtos anualmente e, assim, eles descuidam de alguns aspectos como, por exemplo, a energia”, analisa o especialista.

Desenvolvimento

Por mais que a proibição da União Europeia impacte de modo negativo nas vendas das empresas, ele ressalta a importância e a necessidade de uma maior preocupação com a eficiência energética desses aparelhos: “É importante que as pessoas entendam da onde vem o consumo de energia: ‘Olha, eu estou apagando todas as luzes de casa, mas minha conta de luz aumentou’. Elas precisam prestar atenção no televisor, no carregador de celular, no computador e em outros eletrodomésticos que até então consumiam pouca energia, mas, em função do avanço da qualidade que eles oferecem, eles podem ser os vilões no consumo de energia de uma residência”, comenta Zuffo.

Para o professor, dois cenários são possíveis: ou os fabricantes produzem televisões energeticamente eficientes, com atraso por conta da necessidade de pensar numa tecnologia eficaz, ou eles ficam escorados em mercados não tão rigorosos como o norte-americano e o asiático, até a produção de modelos mais sustentáveis.

Brasil

“Europa é muito exigente, mas o Brasil também é. Eu aconselho a todos os consumidores que queiram comprar um televisor a conferir o Selo de Eficiência Energética do Inmetro: ele já está em toda a linha de eletrodomésticos do Brasil”, explica o especialista. “A gente fica preocupado com a qualidade, com o tamanho, são poucos que prestam atenção também no consumo de energia. Vale a pena prestar para não ser surpreendido no final do mês”, acrescenta. Observar o selo do Inmetro pode parecer uma atitude pequena, mas Zuffo ressalta: “É importante que haja a conscientização de que nós podemos salvar o planeta com os grandes ações e com as pequenas ações, até com o nosso perfil de consumo”.


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