Como a arte asfáltica pode contribuir para a melhor segurança no trânsito

O professor Bruno Padovano comenta um aspecto que considera importante da arte no asfalto e que já foi alvo de pesquisa nos EUA: a redução de acidentes envolvendo pedestres e ciclistas

 14/04/2023 - Publicado há 2 anos
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Foto: Flickr
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A arte no meio urbano pode ser encontrada em diversos locais: outdoors, guias, paredes, dentro das estações de Metrô, entre outros. Porém, poucos sabem que, além de servir como indicador de que a Copa do Mundo chegou, o asfalto tem potencial artístico.

“A arte asfáltica basicamente é um tipo de tratamento artístico, normalmente de carga visual, gráfica, sobre o asfalto. Aplicar esse tipo de arte é uma tendência que apareceu nos últimos anos e está chamando atenção dos urbanistas que buscam humanizar as cidades, não só no Brasil, mas no mundo inteiro”, explica o professor Bruno Padovano, titular aposentado da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP e membro do Conselho Deliberativo do Núcleo de Pesquisa em Tecnologia da Arquitetura, Urbanismo e Design da USP.

Bruno Padovano – Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

Impactos

É inegável o impacto positivo que a arte tem na cidade do ponto de vista paisagístico, mas também está presente na parte viária. Segundo uma pesquisa realizada pela Bloomberg Philanthropies, em 17 locais dos Estados Unidos — que têm arte asfáltica —, houve uma redução de cerca de 50% dos acidentes envolvendo pedestres e ciclistas, justamente pela arte ser ao redor de ciclovias e de faixas de pedestres. 

“Há países, como o Brasil, no qual, infelizmente, a taxa de acidentes é extremamente elevada. Os números são muito preocupantes: é algo na faixa de 2, 3 mil pessoas morrendo mensalmente no Brasil, mais ou menos, 30 mil a 40 mil pessoas por ano morrendo nas vias públicas e estradas brasileiras”, pontua Padovano.

Cautela

Embora os benefícios da arte asfáltica aparentem ser atrativos, é preciso cuidado na hora de implementá-la em outros países: “É um aspecto muito sério, porque cada país tem a sua ‘cultura do trânsito’ e esse tipo de situação geral não vai muito bem no sentido da arte asfáltica. Se não for feita com muito cuidado, com a participação de especialistas em projetos viários, poderia apresentar até um aumento de acidentes“, pontua o professor.

O uso em larga escala da customização do asfalto para a obtenção de uma melhora nos números de acidentes, pelo menos no Brasil, requer estudos específicos para sua implementação. “Tudo depende do contexto: existem pesquisas norte-americanas que mostram que, onde essas intervenções foram realizadas, houve uma queda de acidentes com mortes, mas isso é um outro contexto, não é o nosso contexto. De maneira geral, o motorista americano dirige com mais cuidado, dirige mais devagar, as leis são muito duras. Uma pesquisa feita nos Estados Unidos pode não representar uma base sólida de dados para justificar um certo tipo de intervenção“, ressalta o especialista.


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