A boa prática do jornalismo diz que erros devem ser admitidos e corrigidos

Segundo Carlos Eduardo Lins da Silva, no jornalismo moderno, é muito difícil que um erro passe despercebido, por isso, quanto mais rápido seja corrigido, menor o desgaste sofrido pelo veículo que o cometeu

 17/04/2023 - Publicado há 1 ano

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A boa prática do jornalismo nos diz que, quando um erro é cometido em uma matéria, deve ser admitido e corrigido, mas uma pesquisa indica que, ao ver essa correção, o público pode perder a confiança na reportagem. Ao analisar essa questão, o professor Carlos Eduardo Lins da Silva, referind0-se à pesquisa, diz que traz resultados um pouco contraditórios; por um lado, o público parece mesmo perder a confiança no veículo que cometeu o erro e fez a correção; por outro lado, a mesma pesquisa demonstra que, quando as pessoas veem as correções, passam a entender melhor o assunto de que tratava a matéria que continha algum erro.
De todo modo, de acordo com o colunista, o melhor a fazer é realizar a correção. “Num ambiente de comunicação como o que nós temos hoje, em que praticamente todas as pessoas são também fontes de informação, muito difícil que um erro passe despercebido. É muito provável que um erro que não foi reconhecido pelo veículo acabe sendo apontado por alguém que é contra o veículo e, muitas vezes, alguém que é contra o jornalismo. Então, você acaba sofrendo o desgaste de ter cometido erro, do erro ter sido desmentido e ainda sofre o ataque daqueles que não gostam do jornalismo”, diz Lins da Silva, antes de prosseguir: “Então, o que se pode imaginar é que, já que você vai ter que sofrer algum tipo de dano por causa do erro, é melhor que você reconheça o erro e, mais ainda, que você reconheça o erro de uma forma bastante transparente, muito mais transparente do que atualmente a maioria das seções de correções realiza”.
Em outro trecho de seu comentário, Lins da Silva revela que o primeiro jornal que passou a fazer correções com mais destaque foi a Folha de S. Paulo, “mas não era comum e os erros eram sempre meio que escondidos, meio envergonhados. Então, o que se recomenda hoje, inclusive essa pesquisa comprova e amplia essa hipótese, é que é preciso explicar o erro da maneira mais crua possível e mais detalhada possível, mesmo que o jornalista e o veículo acabem tendo uma perda de confiança por parte do público. Se você explicar direito, com detalhes, com transparência, isso acaba revertendo em mais confiança”. O colunista observa ainda ser também importante que os veículos se coloquem à disposição do público para que este possa apontar erros e para que possa dialogar com o veículo e com o jornalista. Ele conclui: “A ideia é corrigir os erros, corrigir o mais rapidamente possível, corrigir o mais amplamente possível, da forma mais detalhada possível, e permitir ao público que participe do processo da correção, dando mais detalhes ou até oferecendo ao veículo, seja ele qual for, a oportunidade de saber que outros erros foram cometidos”.

Horizontes do Jornalismo
A coluna Horizontes do Jornalismo, com o professor Carlos Eduardo Lins da Silva, vai ao ar quinzenalmente, segunda-feira às 8h30, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção  da Rádio USP,  Jornal da USP e TV USP.

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