Falando sobre o trabalho na pós-pandemia, Luli Radfahrer diz que “as coisas não vão voltar exatamente como eram antes, porque elas nunca voltam exatamente como eram antes”. De acordo com ele, várias coisas mudaram após a pandemia, e cita, como exemplo, a virtualização. “Muita gente entendeu que o trabalho remoto é legal e por mais, obviamente, que seja ruim você ficar completamente confinado, completamente remoto, você vai ter uma vida sem trânsito, e uma vida parcialmente remota pode ser muito boa.” A consequência, de acordo com ele, é uma maturidade muito maior nas relações de trabalho.
Ainda segundo o colunista, se a maturidade nas relações trabalhistas ainda não chegou a um ponto ideal é porque tem gente que abusa. E explica: “Um dos maiores problemas que a gente está tendo, agora, são empresas que usam dessa ideia do trabalho remoto para criar estruturas de vigilância para ligar a câmera do indivíduo e checar se ele está trabalhando. Esse profissional funciona exatamente como aquele professor ruim, que é obrigado a fazer chamada para prender o indivíduo lá dentro”. Ou seja, quando se trabalha num lugar em que se é obrigado a permanecer na frente da máquina ou a bater o ponto virtual de várias formas, o jeito é mudar de emprego. “Esse tipo de trabalho, esse tipo de estrutura burocrática está perdendo terreno muito rápido e provavelmente não vai durar muito.”
Datacracia
A coluna Datacracia, com o professor Luli Radfahrer, vai ao ar quinzenalmente, sexta-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7 ; Ribeirão Preto 107,9 ) e também no Youtube, com produção da Rádio USP Jornal da USP e TV USP.
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