“A relação entre as empresas jornalísticas e as big techs sempre foi muito conturbada, muito conflituosa e muito desvantajosa para os veículos jornalísticos”, afirma Carlos Eduardo Lins da Silva. No mais recente exemplo desse fato, o Google eliminou o filtro de notícias na sua ferramenta de buscas, o que, na opinião do colunista, só trouxe mais preocupações para os jornalistas. O Google alega que o fez somente para realizar testes e afirma não pretender desaparecer com o filtro de notícias.
O certo é que, muito recentemente, 32 veículos jornalísticos da Europa iniciaram uma ação contra aquela empresa de tecnologia, no valor de US$ 2,3 bilhões, sob o argumento de que estão arcando com prejuízos já há muito tempo, devido às práticas anticompetitivas do Google no tocante à obtenção de anúncios digitais. Tais práticas, aliás, já são contestadas por órgãos antitrustes na União Europeia e no Canadá. E as coisas só tendem a piorar na relação entre veículos jornalísticos e grandes empresas de tecnologia, à medida em que entram em cena ferramentas como o ChatGPT.
O New York Times iniciou há pouco uma ação contra a Microsoft e a OpenAI, sob alegação de que tem tido seus direitos autorais violados “por causa da obtenção, por parte das ferramentas de inteligência artificial, de material produzido pelo New York Times e que se transforma em material de alimentação da inteligência artificial do ChatGPT. Fatalmente isso vai chegar também ao Google”, prevê Lins da Silva. O colunista também vaticina que muito ainda está por vir em relação a essa questão.
Horizontes do Jornalismo
A coluna Horizontes do Jornalismo, com o professor Carlos Eduardo Lins da Silva, vai ao ar quinzenalmente, segunda-feira às 8h30, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
.