A transição energética no Brasil e as dificuldades de implementação de matrizes sustentáveis

O livro “Energy Transition in Brazil”, que tem a pesquisadora Drielli Peyerl como uma das editoras, trata, entre outros pontos, de como o cenário energético brasileiro pode mudar

 23/03/2023 - Publicado há 2 anos
Quando se fala em transição energética no Brasil, é preciso pensar em todo o contexto histórico – Foto: Flickr
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O livro Energy Transition in Brazil apresenta o processo de transição energética no País e oferece novas perspectivas sobre esse processo e reflexões sobre o cenário energético brasileiro, que é conhecido internacionalmente por sua matriz elétrica renovável, uso de álcool em carros flex e campos de petróleo e gás natural. A obra foi trabalhada por dois anos e tem 15 capítulos com resultados de pesquisa e reflexão originais. O lançamento está previsto para o dia 13 de abril, às 17h, no Centro de Pesquisa para Inovação em Gases de Efeito Estufa (RCGI), da Escola Politécnica.

Uma das principais questões levantadas no livro é sobre como o cenário energético brasileiro vai mudar. Uma das editoras do livro, Drielli Peyerl, pesquisadora colaboradora no Instituto de Energia e Ambiente da USP e no RCGI, diz que os autores tentaram focar justamente nas particularidades energéticas do País. “Quando a gente fala de transição energética no Brasil, precisamos pensar em todo o contexto histórico, mas também regional, de oportunidade e também da diversificação que a matriz energética brasileira possui”, diz a pesquisadora.

O livro traz justamente isso: diferentes abordagens que respondam a esse processo atual e histórico da transição energética, olhando para cenários futuros de como podemos lidar com esse processo. Outros pontos abordados pela obra são as percepções e tecnologias envolvidas nessa transição, como as tecnologias de baixo carbono.

A tecnologia do processo

O foco da tecnologia ficou em torno do hidrogênio verde no País e se este vai se tornar um player no mercado internacional dessa energia ou se planeja usar domesticamente. “Então, essas duas tecnologias, hidrogênio e energy capture, são as duas frentes que a gente tem discutido para alcançar principalmente as metas de descarbonização”, diz a pesquisadora.

Drielli Peyerl – Foto: Reprodução/FAPESP

Ela ainda diz que o País tem problemas regulatórios, de preço e de transferência tecnológica para a implementação dessas novas tecnologias e energias renováveis. “O Brasil tem caminhado para conseguir alcançar e implementar essas tecnologias”, fala. O Carbon Capture Storage (CCS), já utilizado no País, também é objeto de análise.

Essa tecnologia de baixo carbono, que possibilita a redução da emissão de CO2 na atmosfera, já é um caminho para atingir a neutralidade de emissões de carbono em 2050, como preconiza a ONU.  O CCS, em vez de liberar, estoca o dióxido de carbono. “Sem essas tecnologias, a gente não vai alcançar isso para 2050”, diz Drielli. “Então, essa tecnologia tem papel fundamental para diminuição da emissão de CO2″, complementa ela.

O processo aqui no País para a implementação dessas tecnologias, como o CCS e o hidrogênio verde, é muito lento e forçado de acordo com o desenvolvimento de tecnologias em nível global. A necessidade, porém, é de uma implementação cada vez mais rápida. Para isso, marcos regulatórios são necessários, assim como o marco legal da energia solar. “Não tem como a gente falar de transição energética sem esse aspecto”, explica Drielli. 

A transição energética não está apenas nas mãos da Petrobras, mas depende de uma força muito maior do nível global, para o nacional e para o local”, lembra a pesquisadora. A empresa tem tomado atitudes muito positivas em relação a energias sustentáveis, que replica em outras do mesmo ramo: “As empresas de petróleo, mundialmente falando, estão olhando mais para essa questão das [energias] renováveis para seguir esses princípios de transição energética”, diz. A Petrobras já é um player global da transição energética. “Tanto o governo como empresas nacionais grandes, como a Petrobras, são centrais para o desenvolvimento dessa perspectiva de transição energética”, finaliza Drielli. 


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