Martin Grossmann dá continuidade à sua coluna anterior sobre a exploração da cidade moderna e contemporânea, tendo como referência a flânerie. E destaca as sinfonias da metrópole produzidas na década de 1920 em diferentes contextos urbanos, as quais continuam sendo referências fundamentais para outras produções audiovisuais em quase 100 anos. Em relação a São Paulo, o colunista cita filmes como São Paulo, Sociedade Anônima, Carandiru e O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias. Este último, por exemplo, de 2006, com direção de Cao Hamburger, “é mencionado por ser um importante e comovente relato audiovisual dos efeitos brutais da ditadura na história deste país, como também na vida de famílias, comunidades e de pessoas de uma metrópole moderna. O principal contexto urbano neste caso é o bairro cosmopolita do Bom Retiro, mas o filme também passeia por outras partes da cidade, em particular o centro da cidade”.
Mas, além das centralidades da cidade moderna, a periferia também ganhou sua abordagem pelos meios audiovisuais, com filmes como o documentário da Netflix Racionais MC’s: Das Ruas de São Paulo pro Mundo, que mostra a origem e a ascensão desse grupo de rap, desde os primeiros shows nas ruas e na periferia de São Paulo. “Esse documentário deixa muito claro a virada que vem ocorrendo desde o final da década de 1980 e que ganha força com o amadurecimento de uma autoestima, de uma identidade periférica como potência, de um empreendedorismo socialmente engajado e inovador, onde o hip hop ocupa um lugar central nessa construção. A periferia adquire protagonismo nas novas configurações, nas novas representações da metrópole contemporânea. Trata-se de uma virada política, social, como também estética”.
Grossmann finaliza sua curadoria audiovisual com o videoclipe – dirigido a quatro mãos por Beto Macedo e Denis Cisma e realizado durante a pandemia – Não Existe Amor em SP. “Esta pílula, uma verdadeira joia, traz um retrato poético-estético de São Paulo, que registra a solidão e a brutalidade da megalópole nesse momento de reclusão forçada que tivemos durante a pandemia. Expõe o quanto que a periferia está incorporada nas centralidades de uma cidade como São Paulo”.
Na Cultura, o Centro está em Toda Parte
A coluna Na Cultura o Centro está em Toda Parte, com o professor Martin Grossmann, vai ao ar quinzenalmente, terça-feira às 9h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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