
Democracia, desigualdades, desenvolvimento, movimentos sociais, espaço público e religião foram os temas debatidos durante os três dias de realização do seminário internacional Democracia à brasileira, promovido em comemoração às cinco décadas de atividade do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap).
O evento reuniu pesquisadores do Brasil e do exterior, entre os dias 14 e 16 de maio, no Sesc Vila Mariana, em São Paulo. A abertura do seminário, realizada na noite do dia 14, contou com a presença do reitor da USP, Vahan Agopyan; da diretora da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), Maria Arminda do Nascimento Arruda; do presidente da Agência USP de Cooperação Acadêmica Nacional e Internacional (Aucani), Raul Machado Neto; entre outras autoridades e representantes acadêmicos.
Na ocasião, os participantes tiveram a oportunidade de assistir à conferência do cientista político polonês e professor da Universidade de Nova York, Adam Przeworski, que falou sobre a crise da democracia no mundo. A apresentação do palestrante foi feita pela ex-diretora do Instituto de Relações Internacionais (IRI) da USP e pesquisadora sênior do Cebrap, Maria Hermínia Tavares de Almeida.
O Cebrap foi criado em 1969 por um grupo de professores afastados das universidades, principalmente da USP, por força do Ato Institucional nº 5. A ideia era que o Centro servisse como um espaço de produção de conhecimento crítico e independente no Brasil.
Teve como fundadores o ex-presidente da República e professor emérito da FFLCH, Fernando Henrique Cardoso; a demógrafa e professora emérita da Faculdade de Saúde Pública (FSP), Elza Berquó; o filósofo e professor emérito da FFLCH, José Arthur Giannotti; o jurista e professor emérito da Faculdade de Direito (FD), Celso Lafer; e o economista e professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA), Paul Singer, entre outros.
Trevas da exceção
Em seu discurso de abertura, a presidente do Cebrap e professora do Departamento de Sociologia da FFLCH, Angela Alonso, abordou a atual situação do País. Rememorando a história do instituto, Angela afirmou que o Cebrap “nasceu na resistência ao obscurantismo e ao autoritarismo. E, meio século depois, é ainda este espírito que nos anima e ilumina”.
A professora salientou que o Centro está preparado para “tempos difíceis” e saudou sua persistência em momentos de maior gravidade. “Nós vingamos, não de parto natural, mas a fórceps. Para quem nasceu nas trevas da exceção, a longevidade em si é um feito”.
Angela também abordou a cooperação existente entre o Cebrap e o Instituto de Estudos Avançados Maria Sibylla Merian (Mecila), do qual é coordenadora.
Criado em abril de 2017, o instituto, instalado no prédio do Centro de Difusão Internacional (CDI), no campus da USP em São Paulo, é voltado para o estudo sobre as formas de convivência entre grupos sociais, políticos, religiosos e culturais em sociedades desiguais, na América Latina e no Caribe, promovendo pesquisas comparativas sobre as interdependências regionais.
Trata-se de um consórcio formado pela USP, pelo Cebrap e por mais cinco instituições: três universidades alemãs — Freie Universität Berlin, Universität zu Köln e Ibero-Amerikanisches Institut —, a Universidad Nacional de La Plata e El Colegio de México.
