![Lincoln Secco: “o livro voltará a se tornar um bem valioso que se coleciona” – Foto: Marcos Santos/USP Imagens](https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/Livro3-Marcos-Santos.jpg)
O mundo do livro impresso seduz, nos faz rir, nos faz chorar, nos dá arrepio, nos faz lamentar, nos explode em raiva, traz paz e consolo. É um objeto de muitos desejos. E todos esses sentimentos juntos e misturados nos levam a perguntar: qual o destino dos livros impressos num mundo onde os bytes parecem ameaçá-lo? Com esse questionamento, os professores da USP, Lincoln Secco e Marisa Midori Deaecto, compartilham no lançamento da obra Bibliomania homenagens, impressões, histórias, memórias e ensaios sobre o mundo dos livros numa bela edição, com capa dura e projeto gráfico de Gustavo Piqueira.
![Marisa Deaecto: “Todas as histórias se relacionam com o livro” – Foto: Marcos Santos](https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/Livro-Marcos-Santos-300x292.jpg)
Para os autores, o livro Bibliomania é um conjunto de artigos produzidos sobre o tema nos dois anos que escreveram para a Revista Brasileiros. Com textos curtos que falam sobre todo tipo de assunto, o protagonista Livro trata das mudanças no mercado editorial, dos sonhos, fé e razão. “Todas as histórias se relacionam com o livro, embora se passem em tempos e espaços os mais distintos. O que importa é discutir a presença, senão, a onipresença do livro em nossa cultura, desde a Antiguidade”, esclarece Marisa.
Vale lembrar, segundo a professora, que o livro movimenta capitais consideráveis, profissionais que se envolvem na sua cadeia de produção e, a bem da verdade, o mercado do livro digital é muito pequeno no mundo e ainda menor no Brasil, por isso escrever sobre ele é um infinito de possibilidades. Secco não vê o fim do livro como se preconiza. Para ele o ramo livreiro ainda guarda muito espaço para o artesanato e a atividade dos escritos não se submete ao capital. Daí por que é difícil prefigurar o fim do livro em papel.
Como disse Günter Grass, muito provavelmente o livro voltará a ser o que era até o século 19 e um pouco depois: um bem valioso que se coleciona e se deixa como herança aos filhos.”
Segundo o Dicionário do Livro, publicado pelo editor Plinio Martins Filho, há cerca de 400 tipos de livros. Pode-se multiplicar ao infinito suas possibilidades. Há os romances, os livros de bolso, os livros de cheque, os livros de contabilidade, os livros de navegação, os livros de ponto. Há ainda o livro em que escondemos os olhos. Há os livros de luxo, de horas e de arte. Há os que excitam, instruem, que não nos deixam, que perdemos ou que ganhamos, que recitamos, que acariciamos, veneramos ou amamos; há livro no qual choramos, rezamos, sublinhamos ou memorizamos.
![Para Marisa Deaecto, todo livro é uma obra de arquitetura modelar – Foto: Marcos Santos](https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/livro-2-Marcos-Santos-300x171.jpg)
Todo livro, para Marisa Deaecto, é uma obra de arquitetura modelar. A peça guarda entre duas capas toda a verdade do mundo. Mas também as maiores mentiras, as crenças, as decepções, as vitórias e as derrotas acumuladas e imaginadas pela humanidade. Não há, enfim, temática ou gênero literário que não caiba em sua superfície. Bibliomania, no ponto de vista de Marisa, é um livro bonito, com uma capa impressa numa pequena prensa tipográfica, com aspectos artesanais e industriais em sua produção. É um livro de leitura, não um livro de estudos. É o tipo de livro indicado para quem acha que ainda vale a pena ler e ler sobre livros. “Eduardo Frieira, um bibliófilo e pesquisador dos livros, costumava dizer que os livros reúnem os amigos. Este é um bom exemplo. Além de tudo, este livro nasceu de uma grande amizade”, declara.
Serviço:
Bibliomania, de Lincoln Secco e Marisa M. Deaecto (Ateliê Editorial, 232 págs., R$ 50,00).