O profissional de educação física é aquele que presta à sociedade serviços relacionados à prática de atividades físicas, e suas intervenções podem se dar em contextos escolares e não escolares, mas as formas de prestação de serviço vêm mudando em virtude dos usos da televisão, do computador, da internet e do celular – que de certa forma aumentaram o sedentarismo – e, mais recentemente, com o emprego de tecnologias de realidade virtual, para melhora de aptidão física ou reabilitação, por exemplo. A partir dessas premissas, os professores Umberto Cesar Corrêa, Ana Cristina Zimmermann e Walter Roberto Correia, da Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP, escreveram um livro que trata da formação profissional, em licenciatura e bacharelado, com ênfase na adolescência: A Educação Física na Adolescência – Laboratório Didático. A obra acaba de ser lançada pela Editora da USP (Edusp).
Como os autores escrevem na apresentação do livro, até a década de 1990 a formação profissional em educação física ocorria exclusivamente por meio de cursos de licenciatura, que deveriam tanto preparar os alunos para atuar no magistério como também em todos os segmentos não escolares, mas a legislação de 1987 (Resolução nº 3 do Conselho Federal de Educação do Ministério da Educação) possibilitou o oferecimento de cursos diferenciados. E, como afirmam, a EEFE foi pioneira, passando a oferecer, além do tradicional curso de licenciatura em Educação Física, os cursos de bacharelado em Educação Física e bacharelado em Esporte.
Na obra, os autores colocam a adolescência em foco: “Enquanto na licenciatura em Educação Física o adolescente é o aluno, isto é, alguém recebendo orientação educacional escolarizada, no curso de bacharelado ele é o cliente, ou seja, alguém que recebe e/ou utiliza um serviço”. Os autores procuram estabelecer e selecionar objetivos, conteúdos e estratégias de acordo com as necessidades e expectativas dos adolescentes, associando tais necessidades a capacidades, atitudes e valores dos esportes, jogos, danças, lutas, exercícios e ginásticas. Além disso, levantam a questão da proximidade etária entre os graduandos e seus futuros alunos no mercado profissional. “Isso implica mais um desafio, por ser a adolescência uma fase da vida em que enormes transformações físicas, emocionais e sociais acontecem. Trata-se, portanto, de uma iniciativa bastante ousada”, afirma o professor Go Tani, da EEFE, que assina o prefácio do livro.
A obra está dividida em três partes. Na primeira, graduandos de ambos os cursos (licenciatura e bacharelado) podem observar quais aspectos-chave se sobressaem nos desenvolvimentos sociocultural, cognitivo, emocional e físico-motor dos adolescentes, e de que forma podem servir como fontes potenciais para a intervenção. Há também informações sobre planejamento e sobre como organizar e sistematizar uma proposta de intervenção. Além disso, essa primeira parte inclui formas específicas de intervenção envolvendo diversificadas manipulações dos aspectos-chave, possibilitando aprofundamento teórico-prático dos caminhos de experimentação didática (aulas, sessões de prática, treinamento). “Quando finalizarem essa sessão, os graduandos terão, também, ampliado seus conhecimentos sobre o patrimônio cultural do movimento (que contempla o jogo, o esporte, o exercício, a ginástica, a dança e as lutas)”, escrevem os autores.
A segunda e terceira partes são dedicadas ao contexto escolar da intervenção. “A leitura dessas últimas partes permitirá aos graduandos que acessem, respectivamente, propostas relativas à educação física no ensino fundamental 2 e reflexões sobre o laboratório didático na educação física do ensino médio, enfocando, assim, o laboratório didático no que concerne ao processo de formação de professores”, explicam os autores. O livro apresenta ainda, ao final de cada capítulo, referências bibliográficas atualizadas para complementar o aprendizado. “Esse é o contexto deste livro de laboratório didático. Ele foi elaborado visando ao aprimoramento do ensino de graduação no sentido de possibilitar aos graduandos que reflitam e adquiram competências experimentando, testando e avaliando programas e/ou planos de educação física para a intervenção profissional”, esperam os autores.
A Educação Física na Adolescência – Laboratório Didático, de Umberto Cesar Corrêa, Ana Cristina Zimmermann e Walter Roberto Correia, Editora da USP (Edusp), 128 páginas, R$ 24,00.