Entrada da exposição Pioneiros & Empreendedores, no espaço do Sebrae, no Palácio dos Campos Elíseos –
Foto: Marcos Santos/USP Imagens
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Baseada na trilogia Pioneiros & Empreendedores: a saga do desenvolvimento no Brasil, do professor Jacques Marcovitch, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP e ex-reitor da Universidade, a exposição homônima é inaugurada nesta quinta-feira, dia 19 de setembro, e segue em cartaz até o dia 1º de dezembro. Ela ocupa o Centro Nacional de Empreendedorismo, Tecnologia e Economia Criativa, administrado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-SP), no Palácio dos Campos Elíseos, e ainda inclui atividades educativas para estudantes e cursos de atualização para professores.
A mostra é parte integrante do Projeto Pioneiros, criado também pelo professor Marcovitch, um estudo sobre empreendedores dos séculos 19 e 20 para o crescimento e modernização da economia brasileira. “O projeto nasceu em sala de aula. Eu comecei a dar aulas na década de 1970 na USP e pude perceber a falta de referências positivas sobre o empreendedorismo brasileiro”, relata. Segundo ele, já havia alguns projetos, como História Empresarial de Vida, com depoimentos de empresários, mas a pesquisa do Pioneiros se estendeu para uma análise sobre os personagens e seu tempo, realizada por estudiosos de áreas distintas, como História e Sociologia, que resultaram em uma bibliografia importante, e ainda em um contexto histórico que se afirmou na exposição.
Além da trilogia, já saíram outros três volumes pelo projeto, dois deles incluindo ensaios sobre a itinerância da mostra, e um outro, Pioneirismo e Educação Empreendedora (acesse o livro na íntegra no Portal de Livros Abertos da USP), reunindo 30 ensaios de professores que lançam propostas para levar esse conteúdo empresarial para as salas de aula de escolas públicas. O professor adianta que será publicado um novo título, também sobre educação empreendedora, a partir do curso ministrado, nos 21 e 22 de setembro, durante a mostra, para 35 professores de escolas públicas e do Centro Paula Souza.
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Grandes ideias
Mas como escolher entre tantos empreendedores? Não foi tarefa fácil, responde Marcovitch. “Nossa preocupação foi o que chamamos de conquista de uma segunda vida, ou seja, pessoas que tiveram uma trajetória distinta que fez com que deixassem um legado na memória coletiva; não tanto o legado de bens materiais, mas, especialmente, um legado na memória coletiva”, ressalta. Os personagens são muito reconhecidos na região onde atuam ou atuaram, diz o professor, citando os Gerdau no Rio Grande do Sul, os Fontana em Santa Catarina, os Klabin-Lafer no Paraná, Ermírio de Moraes e os Feffer em São Paulo, Mascarenhas em Minas Gerais, a família Queiroz e os Lundgren no Recife, Delmiro Gouveia em Pernambuco, os Marinho no Rio de Janeiro e os Benchimol em Manaus.
Além disso, o critério de escolha abrangeu empreendedores com projetos significativos que não se limitaram à atividade empresarial, mas que se envolveram em ações culturais ou filantrópicas. Marcovitch cita ainda como exemplos Roberto Simonsen, criador da Escola de Sociologia Política, a atual Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP); e Nami Jafet, de família de origem libanesa radicada na cidade de São Paulo no final do século 19, e sua constante preocupação com a cultura, além da questão hospitalar.
Entre as mulheres que, na edição paulistana passaram a integrar a exposição, estão Nise da Silveira, Dorina Gouvêa Nowill e Irmã Dulce. “Com exceção de Ermelinda Ottoni de Souza Queiroz, esposa de Luiz de Queiroz que já é mencionada nos capítulos da trilogia, naquele período coberto pelos livros e pela exposição, que é o final do século 19 e meados do século 20, a presença empresarial era essencialmente masculina. É somente a partir da segunda metade do século 20 e agora no século 21 que começa a se afirmar uma presença de pioneiras”, comenta o professor. “Até porque o Brasil evoluiu nesses mais de 15 anos que estamos pesquisando a área, e a postura da mulher perante o mundo do empreendedorismo mudou muito, para melhor.”
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Importantes projetos
Concebida pela museóloga Maria Cristina Oliveira Bruno, docente do Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) da USP, a exposição está dividida em cinco módulos e destaca o pioneirismo empresarial em vários momentos da história econômica, social e política do Brasil. “Desde a primeira montagem, no Museu Histórico Nacional, já tínhamos equacionado a exposição em cinco módulos”, conta a professora. E comenta cada um dos módulos: o primeiro, Encontro com os Pioneiros, é dedicado às biografias dos 24 pioneiros; o segundo, mais amplo, Os Pioneiros e o Brasil, traz o contexto histórico, dividido em quatro períodos: Monarquia, Primeira República, Era Vargas e Brasil Contemporâneo, com um desdobramento para o Módulo Paulista; o terceiro contempla o diálogo entre eles, com filmes e depoimentos dos pioneiros; o quarto módulo retrata as viagens e deslocamentos durante toda a vida em função de inovações; e o quinto é dedicado à ação educativa.
Durante o percurso, cada módulo propõe uma pergunta, com o objetivo de que o visitante possa refletir sobre o empreendedorismo. “Esse é o tom da exposição e do projeto”, afirma Maria Cristina, destacando ainda outro aspecto importante: a ação educativa, que propõe visitas mediadas, jogos, desafios e dinâmicas dirigidas a estudantes do final do ensino fundamental ao ensino médio (com duração de 1h30, contempla grupos de até 44 alunos), além de cursos para os professores, eventos acadêmicos e debates acerca de temas como Mulheres à frente dos negócios e Pioneiros do século XXI: o Brasil na era digital.
Durante o roteiro expositivo, o visitante encontra filmes, fotografias e objetos de suas respectivas épocas. Há, por exemplo, uma balança de precisão da Escola Agrícola Prática de Piracicaba (Luiz de Queiroz); mesa tipográfica da Fábrica Cedro (Bernardo Mascarenhas); balança de pesagem de fios de rayon, da Nitro-Química Votorantim (José Ermírio de Moraes); telha fabricada na Cerâmica São Caetano (Roberto Simonsen); mostruário de azulejos das Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo; máquina calculadora dos Supermercados Pão de Açúcar (Valentim dos Santos Diniz); o Álbum de Construções (Ramos de Azevedo) ou o jornal A Noite (1923), primeiro empreendimento da família Marinho, no Rio de Janeiro. “A exposição nos dá um sentimento de construção. E se fomos capazes de vir até aqui, podemos levar para o futuro”, conclui Marcovitch.
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A exposição Pioneiros & Empreendedores: a saga do desenvolvimento no Brasil é inaugurada nesta quinta-feira, dia 19 de setembro, e fica em cartaz até o dia 1º de dezembro, com visitação de terça a domingo, das 10 às 17 horas, no Palácio dos Campos Elíseos (av. Rio Branco, 1.269, Centro). Gratuito. As visitas mediadas podem ser agendadas pelo telefone (11) 3224-6953. Mais informações neste link.
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