Álbum traz a poesia de Álvaro Faleiros “esculpida” por Beth Amin

Professor da USP e preparadora vocal do Coral da USP lançam “Valsa no Tempo” no dia 14 de março

 01/03/2023 - Publicado há 1 ano
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Álvaro Faleiros, Yaniel Matos e Beth Amin no estúdio durante a gravação do álbum – Foto: Tarita de Souza

 

A preparadora vocal do Coral da USP (Coralusp) Beth Amin e o poeta e professor do Departamento de Letras Modernas da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) Álvaro Faleiros vão lançar nas plataformas digitais, no dia 14 de março, o álbum Valsa no Tempo. A parceria entre os dois – que já ocorreu em trabalhos anteriores – inclui ainda o músico cubano Yaniel Matos.

O repertório do disco é composto de dez poemas de Faleiros na voz de Beth. Ao longo das faixas, a música popular brasileira se mistura a alguns ritmos tradicionais, como a valsa e o bolero. Cada uma das canções reflete sobre o tempo e a sua passagem. “É um resultado de reflexões que a gente teve durante a pandemia. Fala muito da relatividade do tempo, de amor, de tormenta, de mudança e impermanência”, conta Beth Amin.

A preparadora vocal do Coral da USP Beth Amin – Foto: Tarita de Souza

Fazer o álbum ajudou Beth a superar problemas desenvolvidos durante o isolamento social, quando ela perdeu a vontade de cantar. “Foi como uma flor de lótus que nasce do lodo”, relata sobre a gravação do disco, que iniciou uma nova fase em sua vida após a pandemia e permitiu a ela se reencontrar e entender que a música, como diz, “é o que salva” a sua vida.

Além do período pandêmico, as vivências de Faleiros e Beth serviram como inspiração para Valsa no Tempo. A ideia do disco nasceu quando a cantora completou 60 anos e o poeta, 50. “A gente somou esses 110 anos de vida e se deu conta de que é um tempo considerável. E refletir sobre o tempo, a maturidade, a experiência da vida está na origem do disco”, diz Faleiros. 

A Gente Se Come é a canção que abre o álbum, na qual uma relação amorosa é narrada com bom humor. Na terceira faixa, Hoje Tem Sol, o tema romântico se repete. A música fala sobre o despertar do dia e do amor como um instrumento movido a corda, que precisa de incentivos para continuar vivo e girando. 

O amor também está no centro de Cheiro Bom, a quarta faixa, descrita por Faleiros como “uma oração para encher o ambiente de coisas boas e celebrar o amor em todas as suas formas”. Também há reflexões sobre o luto, em Manzanas Verdes, e sobre solidão, em Sincera Tristeza.

A música que está no meio do álbum, Silêncio, funciona como uma divisora de ânimos. É um instante reflexivo de Valsa no Tempo. Para Faleiros, cuja voz aparece nesta única faixa, é um momento de pausa depois da energia vibrante de Cheiro Bom

Capa do álbum Valsa no Tempo, com ilustrações de Fernando Vilela – Fotomontagem – Foto: Reprodução

 

Todas as músicas são inéditas em gravação, mas algumas são composições antigas, fruto da parceria de mais de uma década entre Beth e Faleiros. Preguiça, a nona faixa, é um exemplo. O poema foi o primeiro que Beth musicou com o professor, há 12 anos. Faleiros a descreve como uma música para relaxar e deixar o tempo passar de forma tranquila.

A voz é a sonoridade predominante nas faixas. “O álbum foi feito de forma bem minimalista, a gente o imaginou como um grande recital”, explica o poeta e professor. Os arranjos de Yaniel Matos estão concentrados no piano, com poucos acréscimos de outros instrumentos, para que as canções apareçam da forma mais pura e próxima do momento em que foram concebidas. 

O poeta e professor da USP Álvaro Faleiros – Foto: Tarita de Souza

A comunicação entre um letrista, um músico e um arranjador possui uma dinâmica específica, lembra Beth. A preparadora vocal do Coralusp diz que eles interagem “em outro plano”, de forma “quase transcendental”, e que o disco revela muito do entrosamento entre ela, Faleiros e Yaniel Matos.

O processo de musicar os poemas de Faleiros é associado pela cantora ao de esculpir uma pedra. “O poema já tem uma melodia dentro, é só a gente saber achar. Eu tenho um processo muito intuitivo. Eu começo a ler o poema e a cantarolar. Vou esculpindo e dessa pedra sai uma escultura, uma música”, afirma Beth.

Beth, Faleiros e Yaniel Matos vão fazer dois shows de lançamento de Valsa no Tempo, nos dias 18 e 19 de março, às 20 e às 19 horas, respectivamente, no Teatro Brincante (Rua Purpurina, 412, Vila Madalena, zona oeste de São Paulo). Beth antecipa que a mesma delicadeza e força encontradas no álbum serão vistas nas duas apresentações, que terão a participação do violinista Felipe de Souza. A preparadora vocal conta também que o artista Conrado Lessa está editando vídeos para as músicas e fará um trabalho de projeção de imagens no palco com a arte que Fernando Vilela criou para o álbum.


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