Em um artigo publicado na revista Lancet, pesquisadores divulgaram suas conclusões sobre a importância da vigilância genômica do sars-cov-2. A publicação foi feita após uma análise dos sequenciamentos do genoma do vírus disponíveis em bancos de dados públicos para monitorar as entradas e saídas do vírus de diferentes regiões geográficas. O estudo também destaca a eficácia que medidas não farmacológicas tiveram no controle da pandemia nas regiões analisadas.
“É muito importante, no início de uma pandemia, e toda vez que surge uma nova variante, entendermos qual é a dinâmica de circulação do vírus”, contou ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição, Camila Malta Romano, pesquisadora do Laboratório de Virologia (LIM 52) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina (FM) e do Instituto de Medicina Tropical (IMT) da USP. De acordo com ela, que é a primeira autora do artigo, esse acompanhamento foi fundamental também para as políticas públicas que visavam a mitigar a disseminação do vírus. As sequências analisadas pelo estudo até setembro de 2020 mostraram que a partir do momento em que houve medidas preventivas, como o lockdown, o número de introduções de novas sequências na região observada caiu muito.
Camila destaca que no Brasil há esforços de equipes e de redes de sequenciamento nacionais, locais e da academia na geração e compartilhamento de dados gerados relacionados ao sequenciamento do sars-cov-2. Ela ressalta que a vigilância genômica não possui efetividade, se feita somente em nível local, e que para seu funcionamento é necessário um panorama nacional para que se entenda qual a realidade da pandemia no País.
Ela ressalta a importância do compartilhamento de dados para que sejam utilizados nas tomadas de decisões efetivas que busquem diminuir o crescimento da pandemia. Um exemplo é o caso de Araraquara que, no início do ano, após a detecção da variante P.1 na região, foi informada da situação e instituiu um lockdown mais rigoroso que conseguiu controlar a transmissão à época. “A gente fica gerando dados, trancados dentro do laboratório, e se isso não for traduzido para uma medida que de fato possa ser tomada por um órgão público, isso não serve de nada”, conclui a cientistas.
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