Especialistas da USP em Ribeirão Preto lançam e-book gratuito e organizam lives nas redes sociais, atualizando a população para a nova realidade do teletrabalho (home office) no País. A preocupação é a saúde dos teletrabalhadores, modalidade compulsoriamente incrementada pela quarentena da covid-19, antecipa a professora Marina Greghi Sticca, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP).
Ao lado da professora Thaís Zerbini, Marina coordena o Laboratório de Psicologia Organizacional e do Trabalho (LabPOT) e uma equipe que estuda novas formas de trabalho e seus impactos na saúde dos trabalhadores. Entre as justificativas para as pesquisas sobre o teletrabalho, garante a professora, está o crescimento, observado nos últimos anos, da quantidade de empresas e trabalhadores que vêm adotando o trabalho remoto.
Dados da Sociedade Brasileira de Teletrabalho e Teleatividades (Sobratt) mostram que o Brasil tem cerca de 15 milhões de teletrabalhadores e 70% de empresas privadas adotando alguma modalidade de teletrabalho. Números que indicam uma tendência mundial repetida no País e que preocupa a equipe do LabPOT pelos impactos negativos aos trabalhadores.
Ao falar desses impactos, Marina adianta que existem benefícios no teletrabalho tanto para a empresa (principalmente, aumento da produtividade) quanto para o trabalhador (menor tempo gasto em deslocamento e maior qualidade de vida e bem-estar). Mas, lembra que os pontos negativos – isolamento social, aumento do conflito com a família e falta de suporte organizacional – trazem prejuízos e podem ser negligenciados, tanto pelos trabalhadores quanto pelas empresas.
Por isso, e diante da realidade imposta pela quarentena, a equipe do LabPOT utilizou seus achados de pesquisas na elaboração de um guia prático com orientações para organizações e trabalhadores. Em formato e-book, que pode ser baixado gratuitamente pelo site da FFCLRP, o material ajuda na organização das atividades profissionais em ambiente doméstico, evitando conflitos familiares e prejuízos de saúde e no gerenciamento e obtenção de resultados para as empresas.
Marina informa que o e-book traz “algumas estratégias protetivas que podem ser adotadas para evitar sobrecarga e estresse dos profissionais e, de alguma forma, manter a produtividade”. Diz também que o material serve para quem já exerce o teletrabalho e para os que vierem a adotá-lo no futuro, além das empresas que precisam se organizar para esse formato de trabalho.
Entre as estratégias para as empresas, a professora cita “renegociação de metas, redistribuição de tarefas, análise de fluxos de trabalho, flexibilização do trabalho, concessão de maior autonomia e treinamentos específicos para auxiliar gestores de equipes”. Para os trabalhadores, estratégias para “estimar volume de trabalho que consegue fazer nesse novo contexto e negociá-los com os gestores, reorganizar as divisões das tarefas em família, fazer acordos com a família e ter tempo de pausas”.
Além do e-book, o LabPOT vem realizando uma série de lives no Instagram sobre o teletrabalho e as relações com a pandemia da covid-19, com programação disponível on-line. Até o momento, discutiram “aprendizagem no trabalho, tecnologias digitais; burnout em contexto de distanciamento social; formação de docentes a distância e estratégia para aprendizagem com ensino a distância”.
Ouça a entrevista das pesquisadoras para o Jornal da USP no Ar, Edição Regional de Ribeirão Preto:
(Informações atualizadas no dia 4/06, às 13h16)