Um projeto de coleta de sonhos on-line, que já foi feito para falar sobre as memórias de Auschwitz como também em relação à ditadura, agora colhe sonhos da pandemia da covid-19. Paulo Endo, psicanalista, pesquisador e coordenador do Grupo de Pesquisa Direitos Humanos, Democracia, Política e Memória do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP, explica ao Jornal da USP no Ar que o projeto no Brasil se inspirou em projetos de pesquisadores da África do Sul e da Polônia.
Endo explica que, em 2015, foi realizado um evento no IEA, a fim de aprofundar o conhecimento sobre o papel dos memoriais e dos trabalhos de memória em relação à consolidação e ao futuro da democracia. Ele diz que Garth Stevens, professor da Universidade de Witwatersrand, em Joanesburgo, contava sobre uma coleta de testemunhos sobre o apartheid, por meio de plataformas digitais, e que em 2017 reuniram pesquisadores da Universidade de Gdansk, na Polônia, que tiveram acesso a um inventário de sonhos de mais de 500 páginas, abrigado no memorial de Auschwitz, com relatos de ex-prisioneiros.
Foi a partir desses dois elementos que os pesquisadores do IEA lançaram o Inventário de Sonhos 1, que coletou sonhos durante as eleições de 2018. “Criamos esse inventário, ao qual as pessoas enviavam seus sonhos por e-mail e, por isso, não conseguimos manter o anonimato total”, recorda o professor.
No Inventário de Sonhos 2, Endo, Denise Mamede, também da USP, e Edson Sousa, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), organizaram-se para compilar as experiências das pessoas, poucos dias depois de se decretar o isolamento. “A plataforma vai ficar aberta por um período maior para conseguirmos coletar o maior número possível de sonhos. Entendemos esse material como uma doação que as pessoas fazem para um acervo”, aponta o psicanalista.
Para quem quiser participar do projeto, basta acessar o site Psicanalistas pela Democracia, e contar seu sonho no link da página Inventário de Sonhos 2.
Ouça a entrevista na íntegra.
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