Região de natureza exuberante, com uma flora única, no coração do Cerrado Brasileiro. Essa é a Serra do Cipó, Minas Gerais, que teve seu catálogo de espécies vegetais ampliado por pesquisadores do Instituto de Biociências (IB) da USP. Foram registradas mais de três mil espécies diferentes – conhecimento compilado que servirá de instrumento de proteção desse patrimônio natural.
[cycloneslider id=”3356″]O botânico José Rubens Pirani, atual coordenador do projeto reforça a importância do trabalho: à medida que se conhece quais plantas existem em cada lugar, pode-se fazer uma preservação mais efetiva de espécimes que somente lá são encontradas. Conhecida principalmente pelo turismo ecológico, a Serra do Cipó abriga umas das maiores diversidades vegetais do planeta, o que se reflete na paisagem especial que confere à região Sul da Cadeia do Espinhaço.
Ciência em longo prazo
O projeto é uma pesquisa de longo prazo: vem sendo desenvolvida desde 1972, quando o professor Aylthon Brandão Joly, também do IB, deu início à investigação. Em 1987, foi publicada a primeira lista com aproximadamente 1.600 espécies de plantas terrestres vasculares (com vasos condutores de seiva, que funcionam como os vasos sanguíneos do corpo humano) e avasculares (sem esses vasos). O projeto prosseguiu nos anos seguintes sob a coordenação de docentes da USP, com colaboração de várias outras instituições. O material coletado deu origem à produção de dissertações de mestrado, defesas de teses e vários artigos publicados.

A nova atualização, finalizada em 2015, e liderada pela equipe do botânico Pirani, dobrou o número de espécies encontradas na Serra do Cipó, atingindo 3.299 variedades. Dessa listagem, 238 pertencem a famílias de musgos, hepáticas e antóceros; 116 integram as famílias de samambaias e licófitas – que incluem algumas das mais primitivas espécies existentes; duas são gimnospermas – plantas de sementes nuas que não produzem frutos, como os pinheiros e araucárias; e 2.949 são angiospermas – aquelas que contêm flores e frutos.

Entre as espécies catalogadas, o pesquisador destacou a “canela-de-ema”, planta de bastante utilidade entre os moradores da região da Serra do Cipó. Do caule, podem ser extraídos gravetos e lenhas para combustão, e das fibras, pinceis e material para artesanato, arranjos florais e confecção de cordões e sacos.
A “sempre-vivas” é outra flor típica e com alto valor econômico, inclusive sendo exportada para países como Japão, Estados Unidos, Canadá e Alemanha. Por se manter bonita e viçosa mesmo depois de colhida, a sempre-vivas é utilizada em arranjos ornamentais para decoração. Infelizmente, devido ao extrativismo indiscriminado, a quantidade dessa espécie foi bastante reduzida.
Serra do Cipó

A Serra do Cipó está localizada no centro sul de Minas Gerais, a 100 km de Belo Horizonte. Protegida pelo Parque Nacional da Serra do Cipó, a região é procurada por turistas que desejam desfrutar da natureza e de passeios que exploram rios, montanhas, cânions, cachoeiras e vegetações típicas de campos rupestres e de relevo acidentado.
A listagem completa da flora da Serra do Cipó está disponível no site do Instituto de Biociências da USP.
Mais informações: site www.ib.usp.br/botanica/serradocipo