O desempenho do Brasil nos testes internacionais de avaliação da educação é baixo, mas a situação não é de crise generalizada. Nos últimos dez anos, há resultados positivos e melhorias consideráveis. A avaliação é de Priscila Cruz, presidente-executiva e cofundadora da organização Todos pela Educação.
Priscila defendeu suas ideias durante debate sobre o cenário atual do ensino no Brasil, evento realizado pela Cátedra Sérgio Henrique Ferreira, uma iniciativa do Instituto de Estudos Avançados – Polo Ribeirão Preto (IEA-RP) da USP. Especialista em Administração Pública e Educação, Priscila conta que entre os principais desafios para este ano está a aprovação do novo Fundeb, o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação.
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Justifica esses desafios, por exemplo, a extensão territorial do Brasil, que abriga imensa diversidade cultural. Para a especialista, políticas públicas que respeitam essas diferenças devem seguir exemplos com o da experiência de sucesso do ensino médio em Pernambuco. Priscila afirma que “não basta apenas colocar o aluno em tempo integral, existe uma série de atributos na política de Pernambuco que explica o sucesso do Estado no ensino médio”.
A especialista mantém atitude positiva com relação à melhoria da qualidade do ensino. Ela vê boa parte dos governadores brasileiros hoje envolvidos na mobilização pela qualidade da educação. “Não vou dizer que são todos os governadores que estão comprometidos com a educação, isso não seria verdade, mas estamos vivendo uma leva de governadores que estão olhando mais para a educação do que no passado.”
Contudo, enfatiza que não basta só a boa vontade dos governantes e que a sociedade também deve se envolver mais, cobrando políticas públicas. “Quanto mais a gente cobrar resultados, nós da sociedade civil, de forma organizada ou individual passar a cobrar mais educação, essa educação irá fazer a diferença para a cidade e vai ser a grande chave para o desenvolvimento social.”
Priscila também destacou resultados positivos, em comparação com outros países, em testes como o Pisa, sigla em inglês para Programa Internacional de Avaliação de Alunos. Para ela, a tendência é de melhorar ainda mais daqui para a frente. “Eu acho que nos próximos 15 anos a gente vai, sim, observar uma melhora mais substantiva na educação brasileira. Claro que isso pode ser acelerado ou desacelerado pela atuação do governo federal”.
Ouça no player acima a entrevista na íntegra.