Imagine-se sentado à mesa com aquele franguinho frito ou assado no seu prato, bem suculento e saboroso, bom né? Mas até ele chegar ao seu prato foram muitos processos, desde a postura do ovo até a cozinha que preparou esta maravilhosa proteína, e em todos estes processos a energia dispendida foi primordial para que você pudesse desfrutar deste prazer de comer.
Descrever todo o processo, com os detalhes de cada etapa levaria muito tempo e você acabaria desistindo ainda na metade do caminho. Portanto, vamos nos ater e focar mais na etapa do campo, o período em que o pintinho fica na granja até atingir a ponto de abate, ou no caso de uma ave poedeira, até próximo de 70 semanas, quando a ave chega ao final de seu ciclo de produção de ovos.
Nos primeiros dias de vida o pintinho precisa de luz e calor, entre 31º e 33º C, 24 horas por dia, o que já demanda bastante energia, seja elétrica, para manter as luzes acesas no período noturno, ou na forma do combustível utilizado nos aquecedores que mantêm a temperatura do aviário, em que geralmente é usado madeira ou gás GLP.
Ao passar dos dias, a necessidade de luz e calor diminui, entretanto, outras necessidades se mantêm durante todo o período da ave no aviário, tais como água, ração, ventilação, entre outros. Por mais simples que seja o aviário, será necessária energia elétrica para fazer o bombeamento da água aos bebedouros e nos grandes exaustores que mantém a ventilação do confinamento. Já em estruturas mais automatizadas, todo o sistema de monitoramento e manipulação das aves precisará de energia elétrica para funcionar, como os sensores, aspersores de humidade, bebedouros, esteiras de ração, controles ativos de ventilação e cortinas que bloqueiam a luz natural do exterior.
Dados da Federação da Agricultura do Estado do Paraná, apontam que o custo só com energia elétrica em um aviário pode chegar a 18%, se forem somados os investimentos com combustível de equipamentos motorizados e aquecedores, a rubrica “energia” pode chegar à 35% do custo total da produção.
Por causa do alto custo da energia na produção dos aviários, muitos produtores têm buscado alternativas para diminuir a dependência de eletricidade, bem como de combustíveis fósseis. Entre as soluções encontradas pelos produtores estão a instalação de usinas fotovoltaicas, eólicas, e a geração de biogás com o material orgânico proveniente dos dejetos dos animais.
De acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal, a avicultura brasileira já é destaque internacional pela qualidade dos produtos e da segurança sanitária, entretanto há espaço para se destacar mais, a partir da adoção de estratégias para uma produção mais sustentável e com menor emissão de gases do efeito estufa.
Devemos aproveitar o potencial de geração de energia brasileiro na área da avicultura aproveitando os recursos naturais que são mais abundantes no Brasil do que em qualquer outro lugar no mundo. Além disso, devemos dar uma destinação mais nobre aos resíduos diminuindo seu impacto ambiental, usando-os para geração de energia para abastecer os próprios aviários. É importante para que isso seja uma realidade no Brasil, o apoio governamental e também da ANEEL.
A Série Energia tem apresentação do professor Fernando de Lima Caneppele (FZEA), que produziu este episódio com Danilo Pazian Paulo. A coprodução é de Ferraz Junior e edição da Rádio USP Ribeirão. Você pode sintonizar a Rádio USP Ribeirão Preto em FM 107,9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo no celular para Android e iOS.